Ele não quer ser vítima

Passei a tarde a sentir pena dele, de mim, de nós.

Chorei que nem uma Madalena.

E sim, sou a mesma para os meus filhos e para os filhos dos outros, enquanto psicóloga. Mas obviamente que quando é com os meus toca-me de uma maneira diferente. Perco o discernimento, coisa que tão bem caracteriza os psicoterapeutas.

E ainda tinha estado a escrever há poucas horas atrás que as crianças deviam poder ser felizes.

Quando o fui buscar à fisioterapia resolvi falar com ele. Sim, porque ele ainda não me tinha contado. Soube pela directora de turma.

Mas o meu filho deu-me a maior lição de todas.

Mãe: Afonso, continuas feliz no colégio?

Afonso: Claro que sim mãe. Não vão ser uma ou duas pessoas que me vão tirar a capacidade de ser feliz.

Estou muito orgulhosa dele. Obviamente que não vou ficar de braços cruzados mas estou muito contente que o meu filho não tenha aceite o papel de vítima para si próprio.

Estou com os olhos cansados. Parece que levei uma tareia. É irónico fazer formações sobre bullying e depois acontecer-me a mim. Mas independentemente de tudo estou um bocadinho mais feliz. Um bocadinho mais feliz, ainda revoltada mas acima de tudo muito, muito orgulhosa do meu querido A.