Sobre ontem

Acho que por causa da situação do meu filho me descontrolei e escrevi aquele post ontem, a reflexão. Sinceramente não me interessa de todo o que as outras bloggers fazem ou deixam de fazer. Mas não me consegui controlar, desculpem-me. Brigas por causa de marcações e datas e cópias, quando há problemas sérios e graves a acontecer lá fora.

Vou responder à minha leitora e de alguma forma a todas vocês que se preocuparam. Sim Bebe, referia-me precisamente ao acompanhamento em consulta. Há anos que não reenviam o meu filho para mais nenhuma especialidade. É como se ele estivesse preso ali - e só ali chegou, ao sistema nacional de saúde, porque uma amiga de família nos recomendou uma médica no Norte, que por sua vez, conhecia o médico fisiatra chefe de serviço - tinham sido colegas - e falou com ele. É ridículo e incompreensível para alguns, mas para conseguir que ele fosse acompanhado em consulta hospitalar e fazer os tratamentos em hospital e não numa clínica privada, tivemos de sair da cidade e de usar os conhecimentos de família. Já nessa altura fiquei chocada e continuo chocada.

E sim Bebe, ele anda. E só anda porque treinava o andar todos os dias, porque forçou. O mesmo não aconteceu, infelizmente com o braço. Mas o pé claudica imenso, não anda bem. A planta do pé, para ele, é o lado de fora. Esse sim, está duro e calejado e tem inflamações constantes. A planta do pé, por seu lado, é suave e lisinha, porque não usada.

O pediatra dele, que é neuro pediatra, sempre disse que provavelmente ele seria operado, mas só poderia ser quando o pé estabilizasse, quando tivesse mais perto do tamanho "final", o tamanho de adulto, faço-me entender? 

Sim, fizemos tratamentos, ao pé e ao braço. Usou talas, fez fisioterapias, usou gesso durante muito tempo . Essa foi a fase pior, o gesso para endireitar o pé. A ele custava-lhe tanto, pobrezinho. E tinha que calçar umas horrorosas pantufas de quarto e era com elas que ia para o colégio, porque era a única coisa que servia por cima do gesso.

E agora... um diagnóstico completamente diferente. Ele tem pé boto devido ao avc e, segundo o médico, já devia ter sido operado há muito tempo e está a chegar ao limite da idade em que fará realmente diferença esta operação. Que horror. Se não tivéssemos procurado, por nós, à revelia da equipa que o acompanha, o que seria dele?

Claro que o mais importante é o pé dele ter solução. Claro. E é aqui que eu agradeço os vossos comentários e a vossa força. Claro que me quero agarrar à ideia de que ele vai ficar bom do pé - embora o mesmo não vá acontecer com o braço.

Mas não consigo não desesperar. Tanto tempo a sofrer, tanto tempo. Tanto que ele teve de aguentar, tantas dores insuportáveis que teve, dores agonizantes, no pé. E agora sabemos que podia estar bem há anos.

Por outro lado penso, será que o bracinho não poderá também ter "cura"?

Sim, é sobretudo à esperança que eu tenho de me agarrar. Por mim, mas principalmente por ele. Ele que é um doce de rapazinho, muito alegre, muito de bem com a vida. E podia ser tão revoltado o meu querido Afonso.

Porque é que eu falo tão poucas vezes nisto? Porque o meu filho não é a sua doença, o seu problema. Ele é muito, muito mais do que isso.