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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Friends will be friends ou a arte de aprender a voar


Na escola, muitas vezes, fazemos os amigos de toda uma vida. Dentro da sala de aula e nos recreios conhecemos aqueles com quem iremos partilhar muitos momentos no futuro, num futuro mais próximo ou mais distante. Quem diria que aquele rapaz de ar engraçado, de óculos e caracóis bonitos, iria ser o padrinho do nosso primeiro filho? Ou que aquela menina sardenta, a que ficava sempre na carteira da frente, iria chorar no nosso ombro, 30 anos depois, a contar-nos as mágoas da sua vida?
Na escola, nos bancos da sala de aula ou a jogar à macaca, ao elástico ou ao mata, no recreio, vamos conhecer aqueles com quem vamos trabalhar rivalidades, assumir sentimentos, gerir ciúmes, treinar partilhas, criar e alimentar fortes e seguras amizades.
Para além da família e dos amigos mais próximos, a escola é o primeiro grande treino de socialização, o lançar devagarinho para o exterior, o empurrar para fora do ninho, que começa por esta altura e acaba com a saída de casa dos filhos.
A escola é onde as crianças passam a maior parte do tempo, dia após dia. E é na escola que se constrói parte da identidade do ser e pertencer ao mundo.
E enquanto pais vamo-nos podendo ir maravilhando com o nascimento destas novas relações. Para isso é importante que aceitemos que a vida social dos nossos filhos começa agora, se é que não começou mais cedo. É muito importante que consigamos que os nossos filhos estejam com amigos/colegas da escola fora daquelas paredes e muros. Alguns convites para lanchar lá em casa ou a ida a algumas festas de aniversário, ou ainda as complicadas dormidas em casas de amigos, sem ser em exagero, devem fazer parte da rotina e da vida das crianças, e, consequentemente, também da vida dos pais. Os nossos filhos estão a crescer e isso traz-nos um misto de alegria e de real preocupação. Mas é a vida, não é? O crescimento também passa por um crescimento social e este vai influenciar, sem dúvida, a personalidade daquele ser em desenvolvimento, a sua autonomia, auto-estima, a sua forma de estar e ser.
Com os outros que têm com a criança relações horizontais em termos de poder, ou dito de outra forma, que basicamente são iguais a si, ela vai aprendendo imitando, identificando-se, integrando-se. A criança vai fundamentalmente aprender a conciliar as suas vontades e necessidades com as dos outros.
Estas capacidades sociais podem ser aprendidas e dependem, em grande parte, do reforço dado pelos adultos que são significativos para a criança. É importante que os adultos permitam e facilitem o contacto com outras crianças, que levem a sério as suas amizades, que lhes falem das suas próprias amizades e fomentem a comunicação pais-filhos, transmitindo valores, bons valores. De facto uma parte grande desta ajuda cabe aos pais. É importante que estes ajudem a desenvolver as capacidades de interacção social dos seus filhos, pois uma criança com dificuldades em fazer amigos deparar-se-á com mais e maiores obstáculos para se integrar em grupos.
O jogo e as actividades exta-curriculares também podem ser importantes nesta tarefa. Muitas vezes falamos destas actividades como uma obrigação que incutimos nos nossos filhos, como um depósito onde os deixamos, contra a sua vontade, só para matar o tempo que não temos para estar com eles, tempo este que devia ser gasto na tarefa de apenas se ser criança. Mas é importante os nossos filhos estarem com outros filhos, de outros pais, fora da escola. Desta forma facilitamos a construção de indivíduos mais sãos, mais capazes de estabelecer relações de amizade, de criar empatia, de lidar com experiências de aceitação e rejeição, de controlar a ansiedade a agressividade e ainda treinar mais uns quantos outros indicadores de competência social. Neste caso, os hobbies mais indicados são aqueles que fomentam o espírito de equipa, de solidariedade e entreajuda.

Com os amigos, a criança tem a oportunidade de se auto-conhecer, de se ver a si através do olhar do outro, como já o tinha feito antes com os seus pais. Como fará no futuro com o companheiro de vida e também com os seus próprios filhos.
Se achamos que nascemos como pais quando os nossos filhos nascem, ou quando se dá dentro de nós o milagre da vida, a entrada na escola e a tarefa de os ajudar a socializar, é toda uma nova dimensão. Estejam lá. Mas não estejam sempre lá. Não se esqueçam que é hora de aprender a voar.

It's not easy mothers and fathers… but in the end the important is that your child have got friends they can trust. And friends will be friends. Just as simples as that.






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16 comentários:

miudadonorte disse...

Perfeito. Tal e qual. É tarefa difícil para os pais. Custa ver os nossos pintos sairem debaixo das nossas asas, mas também é tão bom ve-los crescer, ve-los ganhar confiança neles mesmos e tornarem-se autónomos até nas ecolhas. E os amigos????? Não são também do que melhor há na vida?? É a vida sim senhor! E é tão boa assim!!! :)

Beijinho!

bebexik disse...

Adorei.....
Mais um dos muito bons....

bjns
Raquel

Sofia disse...

Na mouche! Bom, mas bom! Bjs

mae.feliz disse...

Bom dia!

Adorei e fez-me recordar um texto do Dr. Eduardo Sá que muito admiro :
Só para Pais - por Eduardo Sá
1. "Proibido insultar o jardim-de-infância chamando-lhe "escolinha". Em primeiro lugar, porque é uma escola. Em segundo, porque todas as escolas ganhavam se ligassem Brincar com aprender.

2. É proibido que os pais imaginem que o jardim-de-infância serve para aprender a ler e contar. Ele é útil para aprender a descobrir os sentimentos. Para aprender a imaginar e a fantasiar. Para aprender com o corpo, com a música e com a pintura. E para brincar. Uma criança que não brinque deve preocupar mais os pais do que se ela fizer uma ou outra birra, pela manhã ao chegar.

3. O jardim-de-infância assusta as crianças sempre que os pais – como quem sossega nelas os medos deles por mais um dia de jardim-de-infância - lhes repetem: " Hoje vai correr tudo bem!"

4. Os pais estão proibidos de despedir-se muitas vezes das crianças, ao chegarem todos os dias. E é bom que se decidam: ou ficam contentes por elas correrem para os amigos ou ficam contentes por elas se agarrarem ao pescoço deles, com se estivessem prestes a ser abandonadas para sempre.

5. É proibido que as crianças vão dia-sim dia-não ao jardim-de-infância. E que vão, simplesmente, quando os seus caprichos infantis vão de férias. E que não vão " só porque sim". O jardim-de-infância não é um trabalho para os mais pequenos. É uma bela oportunidade para os pais não se esquecerem que se pode amar o conhecimento, namorar com a vida, nunca ser feliz sozinho e brincar, ao mesmo tempo.

6. No jardim-de-infância não é obrigatório comer até à última colher; nem dormir todos os dias. E não é nada mau que uma criança se baralhe e chame pai/mãe ao educador/a (ou vice-versa).
7. Os pais estão obrigados a estar a horas quando se trata duma criança regressar a casa. Prometer e faltar devia dar direito a que os pais fossem sujeitos classificados como tendo necessidades educativas especiais.

8. Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim-de-infância. Mas estão autorizados a ficar preocupados se as crianças forem ficando mais resmungonas, mais tristonhas ou, até, mais aflitas, sempre que regressam de lá. E estão, ainda, autorizados a proibir que o jardim-de-infância só se abra para eles durante as festas.

9. O jardim-de-infância é uma escola de pais. E um lugar onde os educadores são educados pelas crianças. Um lugar onde todos se educam uns aos outros não é uma escola como as outras. É um jardim-de-infância.

10. Um dia, num mundo mais amigo das crianças, todas as escolas serão jardins-de-infância!"

Beijinhos,
Sara

TERRA DE CORES disse...

Mais um post tão bom, mas tão bom de ler!!!

E tb é importante deixá-los serem eles a escolher os amigos... e não gostar tanto "daquele amigo" filho daqueles nossos amigos e que gostavamos tanto q se dessem bem...

A educação que nós lhes damos vai ajudá-los a escolher os seus próprios amigos e a fazer as escolhas certas... (pelos menos, esperamos nós) :) :)

Bjs gr

Melancia disse...

E com este post viajei até ao início da minha adolescencia onde as tardes livres passadas com as amigas eram o auge da felicidade, as noites em que dormiamos na casa uma das outras eram uma excitação só. Planear as idas às festas de anos, as primeiras idas de autocarro à cidade para fazer compras... Enfim, qualquer dia toca-me dar o aval para tudo isso e espero nunca me esquecer de como esses dias foram importantes para mim. Porque é da escola que trago as minhas grandes amigas, daquelas para a vida e que me enchem a vida todos os dias há quase 20 anos!

Daniela S. disse...

Adorei o post, concordo plenamente. Foi alias na escola, que fiz a maioria dos meus verdadeiros amigos. :)

Anónimo disse...

Excelente post!! Gostei muito de o ler e concordo com tudo.

Adoro-te Mamy... disse...

Meu Deus tanta verdade junta, adorei ler Sofia... a precisar de leituras assim, para me animar a alma!

CV Love disse...

Adorei este post! Até me arrepie! Tenho a sorte de manter amigos desde da infancia onde só um olhar sabem o que estou a pensar.São um porto de abrigo! =)

Unknown disse...

Eu que não tenho filhos, acho que uma das funções principais dos pais é dar asas às crianças para poderem seguir os seus próprios caminhos, mas ao mesmo tempo dar-lhes raízes que os segurem bem aos valores da infância. Vendo bem, são esses mesmos valores que vão levar ao longo de toda a sua vida e aqui os amigos da escola têm um papel fundamental, porque são eles que ajudam a consolidar as atitudes, os gostos e até os próprios sentimentos.
Quem é que não tem um amigo ou amiga dos tempos da escola que revê nestas circunstâncias :)?
Eu tenho umas quantas e são as minhas melhores amigas hoje em dia :)
Obrigada querida Sofia por me fazeres pensar em coisas boas!

Beijinhos*

Mary QA disse...

Gostei muito do post, como sempre.
Das melhores coisas para mim foi perceber que o meu filho tem facilidade em fazer amigos, seja na escola, seja no parque ou na praia, ele lá arranja sempre maneira de ter com quem brincar. Corta-me o coração à facada ver os meninos que não fazem amigos na escola, e não sei como seria (serei) se tiver de enfrentar essa realidade.

4D disse...

Muito obrigada a todas!
Um grande beijinho em cada uma:)

Vchapéus disse...

Era bem capaz de a "contratar" para uma palestra aos pais dos meus alunos!!! Muito bem explicado!

4D disse...

Olha que belo elogio! Obrigada:)

Um doce de casa disse...

Como eu me identifico com este texto!! Vou pedi-lo emprestado e referi-lo no meu blog, pode ser? ;)
Quase todos os meus amigos vêm dos tempos da escola para não dizer que vêm todos mesmo!!

Beijinhos,
Leonor
http://umdocedecasa.blog.com

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