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domingo, 11 de novembro de 2012

Responsabilidades partilhadas, separações e a lógica do bem cultivar para depois poder colher



Esta semana que passou fui ouvir o meu querido Eduardo Sá falar de coisas que nos tocam a todos, enquanto cidadãos e principalmente enquanto pais. Algumas das ideias apresentadas não são novas, tal como a ideia dos filhos não serem património dos pais. Já foi dito várias vezes e por várias pessoas, tal como Saramago que nos disse que um filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos. Algumas ideias não são novas mas continuam a ser actuais e vão ser sempre, para sempre, enquanto houver filhos e enquanto houver pais.


Os filhos não são nossos, por mais que custe aceitar. Não são nossos mas são da nossa responsabilidade. Da nossa inteira responsabilidade, caramba.


E falou-se de relações e falou-se também de casamentos e separações e de onde é que ficam as crianças nas guerras dos adultos.


A separação dos pais não tem de ser uma catástrofe para as crianças. A não coabitação dos pais não tem de ser uma catástrofe para as crianças. Catástrofe é sim viver com pais que estão casadíssimos por fora e divorciadíssimos por dentro. Numa vida feita de conflitos ou, ainda pior, de silêncios de cortar à faca.


É preciso pensar as relações. As pessoas não acordam a pensar que se vão separar naquele dia. São muitos momentos, muitos dias, em que as pessoas se vão separando aos poucos, um pouco mais, em “suaves prestações”.


E será tão difícil perceber que temos de cultivar estes laços que se entrelaçam? Ou namoramos todos os dias e casamo-nos todos os dias mais um bocadinho ou não namoramos e vamo-nos separando e separando e separando, para aí uns 10cm de cada vez.


As separações doem, doem muito, doem e ponto final. Há dor e há ódio e o ódio é proporcional à dor e se há ódio é simplesmente porque há uma dor significativa. Dá para entender? As separações doem. E doem muito às crianças. Mas doem muito mais aos pais. E também aqui ponto final.


Mas uma separação dos pais exige uma responsabilidade parental partilhada e isso significa direitos e deveres para ambos os progenitores e significa que a criança tem de ter direito aos dois pais presentes, mesmo que com tempos diferentes. Responsabilidade partilhada não é ou não tem de ser repartirmos o tempo da criança em partes iguais. É saber que mesmo que esteja mais tempo com a mãe, também está efectivamente com o pai. E pode estar sempre que pode e que quer.


A mãe e o pai não podem fazer o papel do outro na separação, não podem tomar o lugar do outro. De repente não pode haver um progenitor que tenha mais direitos. A mãe e o pai não se zangam da mesma forma, não dão colo da mesma maneira, são pessoas diferentes e ambos imprescindíveis para os filhos. E ambas as casas são importantes e ambas devem ser chamadas de lar. É ridículo que perante a lei uma seja considerada morada de família e a outra nem sequer tenha nome.


E temos de tentar perceber se estas mães e estes pais querem e conseguem efectivamente serem pais e mães. Desengane-se quem pensa que todos querem, que todos foram talhados para isto. Uma criança tem direito a um pai e a uma mãe mas a um pai e uma mãe que realmente queiram estar com ela. E isto lembra as estórias das crianças institucionalizadas onde estas não são adoptadas porque há um vínculo mantido a um dos progenitores, ou a ambos, um vínculo muitas vezes manifesto em 5 minutos anuais, por altura do natal. 5 minutos de amor telefónico que prende com correntes de ferro esta criança a estas pessoas a quem não se deve chamar de pais.


A vida das crianças é demasiado preciosa para ser tratada com falta de cuidado. E ponto final.





8 comentários:

TERRA DE CORES disse...

Tantas verdades num post tão real e duro...
Boa noite e bjinhos

mae.feliz disse...

Bom dia!
Post fantástico e verdadeiro! Ainda na sexta-feira me confrontei em consulta com uma destas situações e realmente não é fácil para alguns pais aceitarem que os filhos não são sua propriedade e muito menos em regime de exclusividade!!! Matéria muito sensível esta. Quanto ao Dr. Eduardo Sá adoro ouvi-lo ...é uma delicia! beijinho
Sara

Melancia disse...

verdades, que aos olhos de muitos se assumem como absolutas, mas aos olhos de outros tantos, são esquecidas em, dois tempos. Infelizmente há pessoas que se revelam durante uma separação e, a maldadade, outrora escondida, salta cá para fora sem pedir licença.

Crenteoptimista disse...

Triste também é quando os filhos só estão com os pais quando estes querem, e não quando apetece aos filhos.

4D disse...

É triste sim. Sabes como é que o professor Eduardo chamou a esses pais? pais batoteiros:(

Beijinhos

bebexik disse...


Grandes verdades ......



bjns
Raquel

Maria disse...

Também estive por lá :)

Vchapéus disse...

Também já tive o privilégio de o ouvir num encontro de professores e também já conhecia a expressão "pais batoteiros". Muitos pais deviam ouvi-lo ou ler este post, evitavam-se muitas dores de cabeça aos mais pequenos!

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