Horas e horas em casa, gastas a preparar aulas, a ver testes e trabalhos, a responder a questões que chegam cada vez mais por e-mail.
Lembro-me de ir para as aulas com a minha avó, a minha querida avó, que me ensinou a ler e a escrever, ainda não tinha eu idade para ser menina bem comportada, sentada em bancos de escola.
Lembro-me da minha mãe corrigir testes comigo ao colo, depois com a minha irmã mais nova ao colo, depois com o meu sobrinho ao colo e depois ainda com o meu filho mais velho ao colo.
Tantos papéis senhores, tantos papéis cá por casa. Tantos livros, tantos tinteiros, tantas folhas soltas, tantos trabalhos, tanta vida que por nós já passou.
Como se pode perguntar a um professor quantas horas trabalha, se ele trabalha até durante a noite, roubando horas ao sono?
Sabem que é das profissões mais sujeitas a burnout? Não? Vejam aqui e aqui e aqui e aqui e aqui e aqui...
Se me disserem que essas 40 horas semanais são gastas na escola e que não trazem nem mais uma vez trabalho para casa, trabalho extra e mais extra, roubando tempo à família, de noites até às tantas. Se me disserem que isto acabou, de vez, talvez eu compreenda e aceite.
De outra maneira, tenho imensa pena dos jovens, que não puderam realizar hoje o exame. Mas tenho ainda mais pena de ver a forma como andam a tratar os professores.Sou neta de professora, filha de professora e sou professora.
6 comentários:
Os meus dois pais são professores, o meu pai está num cargo de direcção e a minha mãe a dar aulas desde os 19 anos. Também eu creci entre papéis, a ouvir "agora não posso que estou a corrigir testes" e a ser eu tantas vezes a confirmar somas de cotações mesmo antes de sequer saber o que era um exame nacional. Hoje tenho de dar apoio informático pelo telefone porque o Word não abre, a tabela do Excel que veio "de cima" está desformatada, a impressora ficou sem tinta, o moodle não funciona ou a plataforma de apoio dá erro ao fazer o login. E ouço tantas, mas tantas vezes "a parte mais fácil é dar as aulas!"..
(:(:
:)
saudades suas!
está tudo bem consigo?
Está tudo ótimo, sim! (:
Eu continuo sempre por cá, mas os últimos meses deixaram pouco tempo para comentar como eu gostaria :)
Mts beijinhos**
Desculpe comentar, mas ás vezes parece-me que os professores se queixam de barriga cheia. Como disse é professora, e pelo que coloca aqui no blog a sua disponibilidade para os seus filhos é muito superior á da maioria das pessoas. Afirmou também há uns posts atrás, o seu período de férias é bem mais alargado do que o das outras pessoas. Assim, não me parece que haja total justiça nesta luta.
Joana, está no seu direito de achar isso. tenho mais tempo, mas estou sempre dependente dos horários, que mudam de semestre para semestre. E tanto pode ser horário diurno como nocturno e mesmo o facto de ter 4 filhos não impediu que no 1º semestre tivesse 4 noites com aulas. Depois não tenho de manhã, por exemplo. Mas o que é que adianta se eles estão na escola?
Tem coisas boas e coisas muito más. Mas o descrédito que tem sido dado a esta profissão é inaceitável.
Sou a favor desta luta, bem como de muitas outras lutas.
Também sou filha de professores concordo plenamente com este post. Adorei ler!
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