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quarta-feira, 14 de junho de 2017

A guarda alternada

A mãe grita, a mãe ralha, a mãe não dá tudo, nem dá mimo quando não deve dar. A mãe ensina que aos 5 anos a criança deve dormir sozinha no seu quarto. Que a cama do pai e da madrasta não são para adormecer. Mesmo que seja só para adormecer.
A mãe devia ser avisada pela madrasta que as regras não estão a ser cumpridas e não ignorar as regras da mãe. A madrasta pode e deve ser uma boa amiga dos enteados, é o melhor que pode acontecer, mas não pode nunca querer substituir a mãe.
Principalmente quando uma mãe tem 3 filhos em guarda total, devia ter um respeito máximo por quem não os tem semana sim, semana não. Teria ter outra compreensão. Mas a vida nem sempre é justa.
Se eu dissesse que o meu ex-marido quis ficar neste regime desde o primeiro dia da separação, havia talvez menos dor. Mas não. Só 9 meses depois, quando foi viver com a namorada. Estive sempre com eles e quando o questionei por não os ter querido mais cedo respondeu que estava a tratar da vida dele. Mas durante esses meses eu não tive vida. A minha vida foram só eles. 4 crianças só tratadas por um adulto. Só educadas por um adulto. E não fui eu quem quis a guarda alternada. Custou-me horrores. Por mais que andasse cansada eu ficava com os 4. Porque depois de falar com muitas psicólogas foi o que me aconselharam, pelos menos para os mais pequenos. Claro que fui completamente ignorada.
A guarda alternada tem de ser para pais que têm uma relação minimamente amigável. Não a mãe pedir para se encontrarem pessoalmente - uma vez, duas no máximo - e a resposta ser sempre não. Que chegava perfeitamente falar por mail.
Tudo o que eu digo é contrariado. Como podemos ter assuntos constantemente para tratar em relação a 4 crianças? Como? Neste estado?
Colapsei quando soube que ela queria ir à festa da minha filha. Nunca tivemos uma conversa, nunca me perguntou se me importava e se compreendia...e agora aparecia para confundir a minha filha que está já mais do que suficiente confusa. O colapso final foi quando soube que o Manel partiu o dedo e eu, enquanto mãe, tinha sido completamente ignorada. Eu devia ter estado naquele hospital...mas como se não sabia de nada? Fui, ontem à noite, à hora dos meus filhos voltarem para casa, e ainda com o respeito de não ir mais cedo para não interromper o jantar, até a casa deles. Ouvi desaforos e disse muitos desaforos. Sei que fui irracional. E do outro lado também. Não estou contente, não estou orgulhosa. Mas há um dia que explodes. Pediste para falar a bem. Disseram-te que não. E eu saí fora de mim. Esperei dois anos para ter esta conversa. Para tentar que as regras não fossem tão diferentes Entre uma casa e outra. Apenas fiquei mal vista. Como se fosse querer estragar a maravilhosa relação do casal com os meus filhos.
A guarda alternada pode ser importantíssima. Quando ajuda a relação psicológica harmoniosa e amorosa entre pai e filhos. Mas vai contra a estabilidade da criança. Não há a continuidade de um lar, que é essencial para as crianças pequenas. Como consolidar valores? Como criar hábitos? Como sustentar a formação da sua personalidade? Nada disto é afinal importante? As crianças são resilientes e pronto? Tudo há-de ir ao lugar?? Obviamente, e tal como já disse, e várias colegas psicólogas já disseram também, depende em muito como se dá a separação dos pais. Quando o pai que se quis separar é que parece que tem mais ódio da mãe dos seus filhos do que ao contrário, algo está muito errado. Que recebe um sms um dia e resolve responder 6 dias depois, se é que responde? Porque é que o ressentimento Entre progenitores tem de passar aos filhos?
Antes da separação os filhos eram educados em conjunto por ambos os pais. Depois vivem na pele o que é viverem duas vidas diferentes. Há autores que falam, inclusivamente, o perigo, enquanto adultos de dupla personalidade.
Assinámos o papel da conservatória. Nunca tivemos uma tutora, nunca tivemos uma mediadora do tribunal que ajudasse a suavizar as coisas.
Muito mais havia a dizer. Nunca pensei chegar e não fosse recebida, para a tal conversa, mesmo no meio da rua. Fecharam-me à porta na casa. Tudo o que vivi durante dois anos - e que não deixa fazer o luto porque com 4 filhos não há forma, por mais que quisesse, de fazer um luto, de não trocar impressões com o pai dos meus filhos. Impressões que correm 90% das vezes mal.
20 anos a acabar assim é devastador. Não tenho ciúmes dela. Só dói quando ele diz que ela é muito melhor do que eu em tudo.
Se voltasse atrás ontem não teria feito nada, não teria gritado, não teria havido o que houve. Nem sequer teria lá ido. Não foi isso que a fez pensar um minuto que como seria se ela não pudesse estar sempre com os filhos. Não foi isso que a fez pôr-se uns poucos minutos nos meus sapatos.
Agora? Agora tudo ficou muito pior do que estava. Nem sei como vou voltar a falar com o pai deles sobre as férias, sobre as inscrições, sobre o que quer que seja.
Sinto-me culpada, mas levaram-me ao limite.
Guarda alternada? Conheço muito poucos casos. E ou são aqueles que se dão bem com o ex-marido e até com a madrasta dos filhos - parece mentira, mas não tem de ser. Ou então aqueles, que só com um filho dizem que não suportam esta situação porque não conseguem ter de imaginar falar várias vezes com uma pessoa que não suportam.
Nunca, mas nunca se mantenham casados pelos filhos. É tudo menos saudável. Mas aceitem que o pior ainda está para vir.
Pelos meus filhos aceito fazer mediação. Não imagino passar assim o resto da vida - sim, porque agora são pequenos, depois adolescentes, depois é sempre as escolhas para onde vão passar os aniversários e depois os netos. É uma guerra sem fim.
Estou disposta a tudo. Mas quase aposto que o outro lado não.

terça-feira, 5 de março de 2013

Nada acontece sem esforço ou a importância de trabalhar as relações





Os filhos não são brinquedos, não se escolhem, não se trocam, não se aperfeiçoam, nem se devolvem. Muito menos funcionam com pilhas e nunca, nunca trazem livros de instruções. E é isto que torna esta tarefa de pai e mãe tão ingrata, difícil e imprevisível. Os filhos lá por serem nossos, não nos pertencem; somos nós que os alimentamos, educamos e sustentamos, mas por junto é só para isso que servimos. De resto eles são eles e desenvolvem-se, crescem, pensam e sentem apesar de nós. E quando já não são educáveis, sustentáveis e alimentáveis, deixam de ser nossos. Os filhos, ao contrário da dívida da casa, não duram uma vida. Duram apenas uns aninhos e não há qualquer garantia de que fiquem nossos. 
E, então, o que é que resta ao fim desses anos de sustento e dedicação? Resta uma ligação. No fim é esta ligação que conta: depois de milhões de litros de leite consumidos de dias e dias de explicações, de milhares de ordens e de noites sem dormir é só isso que resta. Uma simples ligação.  
Ora, como eles são todos diferentes, e alguns muito difíceis de conhecer, esta ligação tem vários níveis de consistência. Um pai ou uma mãe pode passar uma vida toda sem conhecer o seu filho, sem imaginar o que ele está a pensar ou prever o seu comportamento. E nestes casos é preciso um esforço racional para criar uma relação. Não é para gostar, é para interagir. Os filhos gostam sempre dos pais e os pais quase sempre dos filhos, mas nem todos se dão entre eles. Tal como o telemovel ou a internet, é preciso manter compromissos ao final do mês e ver se há rede. Ou ficamos sem ligação.



                                                                                                                                 
Inês Teotónio Pereira





Sempre, sempre, sempre actual.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

E novos comentários nos blogs aderentes fizeram-me querer escrever isto

Fica bem ser-se moderno e dizer que o marido ajuda. Paradoxalmente fica ainda melhor dizer-se que se fez isto e aquilo e o outro. Das coisas que mais me faz bufar (perdoem-me o que vou dizer e perdoem-me ainda mais a expressão) são aquelas mulheres que dizem que no dia que saíram da maternidade ainda foram fazer o jantar. Mas bolas, bolas, bolas. Não haverá dinheiro para comprar um franguinho da guia? Ou um hamburger no mac? Qualquer coisa, qualquer coisa.
Qual o porquê? Qual o motivo?
Ah, é o do seu home não gostar destas comidas?? Ou que fazem mal ao leite para o bebé? Não entendo.
Vivemos em culturas tão paradoxais que mete medo, muito medo.
Queremos ser as modernas, as independentes, as autónomas, as práfrentex. Mas depois não dispensamos o título de mães-galinhas e de super-mulheres e e e.
Eu cá não sou boa de casa, confesso. E nunca farei um post a dizer que enquanto estive grávida andei a passar 3 toneladas de roupa a ferro e a seguir fui limpar as duas casas de banho com um algodão a ver se a limpeza não engana.
Ahhhh, e muito menos vou cozinhar no dia em que chegar com um filho nos braços.

E já disse algumas vezes que não sou mãe-galinha e deixo-os ir de férias para a casa dos avós, feliz da vida (felizes eles ainda mais, acreditem). Talvez uma mãe-leoa, mas isso se tiver mesmo de arranjar um título para o que sou.

Se sou perfeita? Porra, já disse mil vezes que não.
Se sou feliz? Vou sendo. Sou virgem mas não tenho nem a mania da perfeição nem a obsessão da arrumação. Terei outras manias, sem dúvida.
Se gostava de ser diferente? Claro, às vezes. Quem não pensa assim?
Mas não tenho vergonha de dizer que não sou boa dona de casa; não tenho pretensões de afirmar que faço melhor do que ele, nem de dizer que a minha casa anda um brinquinho graças a mim.


Espero ter cabecinha no lugar para educar os meus filhos na base da igualdade. Não quero que a gajinha ande por aí a queimar soutiens e não faça nada enquanto os gajinhos cá de casa fazem tudo. Quero é pôr tudo a trabalhar sentindo-se iguais no que devem sentir-se iguais e diferentes no que é para serem diferentes. E quanto a mim esta não é decididamente uma diferença a manter.

E vamos também abolir a frase do ah e tal, ele até "ajuda". Ajuda? Ajuda? E eu também o ajudo e tal? Ele faz e pronto. Faz. Não ajuda. Please.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Pais modernos ou as (a)tira(nices)da vida


Pais modernos ou por trás de um grande homem há uma mulher, tirana? (vá, um bocadinho a atirar para o tirana) ou entre a pré-história e a modernidade (que ser moderno é muiiiito difícil e dá cá uma canseira).

Depois de ler esta notícia fiquei a pensar nisto. Parece que veio a calhar porque é disto que tenho falado nas aulas de intervenção conjugal.
Como faço nas aulas, não me importo de dar como exemplo o meu marido, que deve ficar com as orelhas a arder todas as terças feiras à noite. Faz-me lá alguma impressão que ele não seja perfeito? Pois, já não. Já não porque aprendi a ser esperta.
Ora como eu estava a dizer, o meu marido está ali a meio caminho entre uma coisa e outra.
 No limbo diria mais, no limbo.


Nós vivemos de mitos e vivemos a relação de casal como de um punhado de mitos irrealistas se tratasse.

Se tu me amasses…
Se tu realmente me amasses…
Se ao menos gostasses um bocadinho de mim…
A melhor é a da bola de cristal: se eu fosse o mais importante da tua vida conseguirias imaginar (saberias) o que eu estava a pensar, descobririas-me os pensamentos.
Enfim…

Eu achava, réstias de uma educação maternal do género, que ele teria de fazer por ele, sem eu pedir. E ainda mais fazê-lo por prazer, por imenso prazer, quase aos pulinhos de tão contente que estava de cuidar dos filhos, arrumar a casa, dar banho aos putos, dar-lhes de comer, mudar cocós. Tudo e tudo e tudo. Quanto mais feliz melhor.

Claramente, lidar com a coparentalidade e a divisão do trabalho doméstico e ainda com a gestão das carreiras não é fácil.
E nas mulheres há claramente uma ligação entre o desejo sexual e o preenchimento das necessidades aparentemente mais básicas, como a partilha das tarefas domésticas.
Portanto, os homens ainda não descobriram que a partilha do pesado fardo que são as tarefas domésticas pode ser um excelente afrodisíaco. Que tolos que são.


Resumindo, o meu faz muito, desde que esteja em casa, o que dificulta logo as coisas. E faz praticamente tudo, a maior parte desde que eu o direccione para as tarefas. E não faz como se a felicidade dele dependesse daqueles preciosos momentos ou como se o seu sentido de responsabilidade fosse do mais apuradíssimo que há.
Mas faz.
Se é o ideal? É quase, desde que eu seja pessoa que não me importe de direccionar e que ponha de lado a ideia de que ele deve só fazer porque sim e cheiinho de vontade.

E quem sabe, como diz a Peggy Papp,
It is not inconceivable that in the not-too-distant future someone may develop a kitchen floor sex therapy!

E finalizo dizendo: o meu homem é um português moderno e um homem do mundo semi-moderno.



Neste reflexão participaram:
http://redondaquadrada.blogspot.com/

http://apanhadanacurva.blogspot.com/


http://gralhadixit.blogspot.com/

http://este-e-meu.blogspot.com/

http://www.emestadopuro.blogspot.com/
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