Estão a acabar e eles já começam a ficar tristes antecipando o que aí vem. Não é que eles odeiem a escola mas férias são verdadeiras férias, quase como antigamente. Perdem regras e horários, fazem cortes nos braços e raspadelas beras nos joelhos. Deitam-se tarde e acordam tarde e só pensam em tardes na quinta, em filmes no sofá e em aventuras, muitas aventuras. Há espaço para unhas encardidas de tanto brincar na terra, saltos de bicicleta e primeiras paixonetas. Torradas de pão alentejano e mais guloseimas do que o habitual.
Queria-lhes dizer que têm de estudar mais, que se empenhar mais, que têm de ser um bocadinho mais responsáveis. Mas não consigo. Não agora. A ditadura logo voltará no início de Abril. Por agora vou simplesmente deixá-los ser crianças, com férias tão parecidas com as da nossa infância.
Adeus Março. Adeus férias da Páscoa. Até para o ano.
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