Este ano tenho um filho finalista.
Só tive um filho finalista, e foi quando acabou o 4º ano. Mas agora parece que começam ainda mais cedo e estou aqui a olhar para uma fita amarela sem saber o que escrever. O meu rico filho de 3 anos vai ser finalista. Isso deixa-me com mixed fellings.
Brincadeiras à parte, tenho dois filhos que vão mudar de onde estão, um porque tem de ser e outro porque vai com o irmão.
Foi uma decisão muito pensada, muito ponderada, muito sofrida. Amo aquela escola e aquelas pessoas. Foi lá que o Vicente deu o salto no desenvolvimento, aquele que nos estava a deixar preocupados. Foi lá que o vimos transformar-se em rapazinho. E a nossa pequenina só esteve um ano mas já era da casa mesmo antes de ser.
Um vai ter fita e o outro não. Mas quando escrevo para um penso no outro. E emociono-me.
E esta foi a carta que escrevi ao meu filho mais velho quando foi finalista (uma carta que seria lida a todos os meninos em representação dos pais). Mais uma vez a casa, a importância da casa, deste seu segundo lar.
A segunda casa e a estória de um re-começo
Conta-nos uma estória, pediram-me.
E eu contei uma estória de meninos, de alegrias, de vivências, de saudades.
Falei-lhes daquela segunda casa. De um adeus que vem a chegar.
De uma tristeza que faz parte de quem cresce, de quem se solta de mansinho, e começa de repente a voar.
Foram crescendo, cuidados por segundas mães (e pais). Por tantos abraços e afagos, por sorrisos rasgados, por reprimendas bem dadas. E tanto, tanto mais.
Foram crescendo. Acreditando. No saber. No amor. Na urgência de fazer sempre diferente e melhor.
Foram crescendo. Aprendendo. Criando e desfazendo. Confiando. Com desejo. Com afecto. Com respeito verdadeiro. Pelos outros. Por si próprios. Nos vínculos tecidos em tantos anos. Em laços de seda e de corda. E com nós de marinheiro.
Expliquei-lhes com palavras doces que as separações não acontecem no coração nem na memória daqueles que se gostam. São apenas físicas.
E eles sabem disso.
E agora uma nova etapa aproxima-se.
Feita de novos encontros. De novos lugares e saberes.
Se vai ser fácil? Talvez. Porque têm sempre onde voltar.
E quase no fim vos dizemos:
Aventurem-se. Sejam fortes. Maravilhem-nos com o que são. Com o que se fizeram. Com o que continuam a ser. Com o que se estão a tornar.
E lembrem-se sempre,
O mundo divide-se entre os que se perdem e os que se encontram. Entre os que não sentem nada e os que vivem apaixonados pelas defesas das suas causas. Entre os que não acreditam e se arrependem e aqueles que não se arrependem (quase) nunca daquilo em que acreditam.
E lembrem-se sempre,
Temos tanto orgulho em vocês!
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