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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bonjour tristesse



A Marta convidou-me a falar na tristeza das crianças e na tristeza dos pais e se esta tristeza deve se mostrada ou escondida aos filhos.




Falar de tristeza é complicado. É um tema triste e pronto. Pensar em crianças tristes dói que se farta.

Mas devo dizer que fiquei feliz com o convite e de ter a meu lado a opinião da própria Marta - My Baby Blue Blog, e a opinião da Sofia, pediatra, do Crónicas de Estetoscópio e Biberão.




Deixo-vos a minha opinião aqui. Vejam o post completo .





Sabes o que é que os psicólogos dizem, e até parece que é uma forma de fugir com o rabiosque à seringa? Dizem que cada caso é um caso. Depende da criança, da idade da criança, depende também do grau ou severidade do que já pode ser mais do que uma fase, pode ser uma doença.



Regra geral dir-te-ia que sim, que os pais devem mostrar o que sentem em frente dos filhos. Dentro de certos limites, claro. Mostrar que se está contente e feliz quando de facto não se está vai-se sentir, vai-se pressentir, há todo um clima e energias soltas que ficam no ar. As crianças são óptimas a apanhar os não-ditos e depois ainda é mais estranho não conseguirem dizer o que sentem, porque sentem tristeza, tensão, raivas, camufladas por um sorriso e/ou por voz calma e pastosa e sofrida. Então o que é que um sorriso significará na cabecinha deles?? Todos sabemos que a comunicação é muito mais do que linguagem verbal e nós somos traídos muito mais pelos nossos gestos do que pelas palavras. E depois aparecem injunções paradoxais que tornam todo um clima potencialmente saudável num esquizofrenizante. Os double binds são mensagens contraditórias. Podem ser exactamente isso que referi, quando dizemos uma coisa com a boca, mas o rosto e o resto do corpo mostram outra diferente.



Portanto, será sempre mais saudável, dentro de certos limites, reafirmo, as crianças saberem o que os pais estão a sentir e poderem falar sobre isso. Devem também perceber que os pais também têm fragilidades, mas que se irão recompor e ultrapassar as dificuldades. Assim aprenderão que há vários sentimentos/emoções, que todos eles fazem parte da vida e que lidar com a frustração é essencial.
Por outro lado, os pais são portos de abrigo, são âncoras, são sóis. Nós temos a responsabilidade de procurar estar bem, por nós e por eles. Procurar ajuda, tomar medicação se for caso disso, tratarmos de nós, da nossa saúde física e psíquica. Não sei se há um manual para pais, mas se houvesse esta regra tinha de lá estar. Preocuparmo-nos connosco e tratarmos de nós, por eles. Pela saúde deles.


Portanto, dir-te-ia que sim, que os pais devem mostrar o que sentem em frente aos filhos e dir-te-ia que não, não podemos ser completamente transparentes. Qualquer coisa como: não devemos ser completamente transparentes mas devemos ser verdadeiros, com eles e connosco próprios. Há coisas de adultos que não devem ser partilhadas com as crianças. Mas acho que "fazer de conta" que se está bem sem estar, não resulta. As crianças notam, as crianças pressentem. Portanto, os adultos têm de ser responsáveis pelas suas vidas e pelas vidas dos filhos. É uma carga pesada mas é a carga que carregamos. Nós adultos temos de ter essencialmente consciência que as crianças não entendem muita coisa, não entendem os não-ditos mas sentem o tal clima que paira no ar. Por isso deve ser-lhes explicado que os pais não estão bem mas que vão ficar. Ou que os pais estão tristes e zangados um com o outro mas que estão a ver se se entendem. Explicar-lhes as coisas de acordo com a idade, claro. Explicar-lhes para que entendam o tal clima, mas obviamente sem ser pesado demais, sem que façamos sentir as nossas crianças que são elas que têm de cuidar dos pais.
E se a depressão for severa, vamos ver se há outros adultos cuidadores com os quais a criança esteja vinculada que possam tomar conta dela durante algum tempo, enquanto os pais se recompõem, se cuidam, se fortalecem até se tornarem novamente abraços apertados e seguros, que protegem os filhos de todos os males do mundo. E dos seus próprios males.

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