Não se pode adiar o amor, dizia o poeta.
Eu poderia, eu sei. Num espaço tempo onde as vidas não se confundem e onde o toque é tão leve que quase não se sente. Ali, no meio do nada, pertinho de coisa nenhuma. Onde vive tanta gente.
Mas depois ficava o sabor a ausência na boca e no resto do corpo e mesmo no meio da alma. Ficava a ruminação obsessiva pelo que não se viveu, pelo que poderia ter sido e não foi, simplesmente condenado a apenas imaginar a vida que não se teve e tudo o que se perdeu.
Não se pode adiar o amor, eu sei. Não se pode adiar o abraço, nos teus braços. Aquele abraço que leva a pensarmo-nos através do outro, porque a vida é tudo, porque a vida é isso. Eu sei.
Porque vai haver um dia que não se adia.
Talvez arranjar coragem para aceitar que o medo faz parte da equação. Ou simplesmente arranjar um lugar cá dentro. Porque não se pode adiar o presente, que é um presente que o futuro nos deu.
Porque não se pode adiar o coração.
Pequeníssima homenagem a António Ramos Rosa
RIP
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