Setembro, sempre foste e continuas a ser um mês muito difícil para mim. Não é o
voltar às rotinas que me incomoda. É muitas vezes o ter de passar à força de um
estado de alguma paz, calma e serenidade, para momentos, contextos e situações
que me criam tensão, medos e dor. Diríamos que re-começar nunca foi muito fácil
para mim. Engraçado, eu que gosto da previsibilidade e de ter tudo controlado -
não sei muito sobre isso, mas palpita-me que é de ser virginiana - gosto das
férias e de alguma perda de controlo. Se bem que mesmo no dolce fare niente
nunca soube realmente andar à deriva. Sinto que tenho uma alma perdida que não
encontra o seu norte. Felizmente tenho lá em cima no céu, a minha estrelinha da
sorte que me vai iluminando e guiando para nunca me sentir só. Não conseguiria
isto sem ti. Obrigada, querida avó.
Como devem imaginar este ano é o ano. Só o
consigo ver assim. Não quero ser hipócrita e dizer que foi tudo péssimo e
desastroso ou que foi apenas mau. Não é verdade, isso seria injusto para todos e
sem dúvida que o seria para mim. Este ano foi também um ano de muitas superações
e também de muitos reencontros e de muitos recomeços. Com os outros. Comigo
própria. Inclusivamente com a minha família, a quem aprendi a beijar mais, a
abraçar mais, a estar mais presente, a dizer mais vezes e simplesmente "gosto
muito de ti". Sabem que se pode estar mais perto, mesmo que distantes?
Setembro
sempre foi para mim "o" mês mais esquizofrenizante, porque tinha de voltar a
lugares onde não era feliz. Mas era também o meu mês, o mês em que nasci. Não
escolhemos a data, nem onde, nem quando vimos ao mundo. Mas é suposto
apoderarmo-nos dela, achá-la “a nossa” e acreditarmos que ela vai com o seu
toque de midas transformar tudo em ouro e diamantes. Sempre com a certeza de que
"este é que vai ser o tal".
Então por tudo isto, e para que não haja
enganos, mais do que janeiro, é setembro o novo ano, a época mais especial, que
sempre aproveitei para fazer balanços e apontar, pouco a pouco, tudo o que
queria fazer de diferente. Mas este setembro é duro como nenhum outro.
Imprevisível. Cheio de porquês e segredos. Setembro é sentido assim por mim e
por muita gente.
Quero ver-te vibrar, setembro! Quero que me faças sorrir.
Ajuda-me no que é mais desafiante! Enche-me de resiliência e esperança, mesmo
sabendo que nada será como dantes!
Dá-me fé e confiança! Não quero viver daquilo
que já passou. Não quero viver na saudade.
Ajuda-me a saber quem sou!
Ajuda-nos a saber quem somos!
Dá-nos mais humanidade!