Os meus filhos sempre tiveram porquinhos mealheiros. E
sempre lhes tentámos ensinar o valor do dinheiro. Mas bolas, não é fácil. Não
sei como é que é ou foi com os vossos mas é muito estranho para eles que haja
uma máquina que tenha lá o dinheiro dos pais e que podemos/temos de ir lá buscá-lo.
E que o dinheiro é fruto do nosso trabalho e que não se pode gastar muito porque
acaba depressa. Um cartão multibanco para eles é um bocado de plástico e falar
de 5 euros ou de 50 é precisamente o mesmo. São conceitos abstractos e a noção
de quantidade, de número, do valor das coisas não nasce connosco. Mais uma que
tem de ser ensinada.
Depois foram crescendo e o facto de não terem tudo quando
queriam, de ter de trabalhar para isso (sim, uma boa nota dava direito a uma
recompensa), de não abrirem todos os presentes de uma vez mas irem doseando,
entre muitas coisas mais, fê-los perceber o que custa o dinheiro e o que custa
obtê-lo. Tentámos não os preocupar demais com a crise porque esse é uma tarefa
dos pais, mas sensibilizá-los sem dúvida para as dificuldades que o país e o
mundo atravessam. E também perceber que ao juntar uma moeda aqui e outra ali no
fim vão poder comprar uma coisa que queiram, ao gosto deles. E outra ideia importante associada é o de saber esperar. O querer qualquer coisa e "Já!" é o normal nas crianças e este esperar por obriga a perceber que as gratificações poderão não ser imediatas.
A ideia de juntar é
uma ideia que aos poucos lhes vai fazendo sentido. E é tão giro ver que aos 5 o dinheiro era só uma brincadeira ou o som do tilintar das moedas no porquinho de barro e aos quase 12 começa a ser o jogo ou o filme ou o telemóvel que querem ter.
O auge deste percurso foi quando ganharam de nós um
mealheiro que ia contabilizando as moedinhas que iam entrando, tendo um visor
onde se via o número crescer.
Os mais pequeninos ainda não percebem nada e aqui entre nós
que ninguém nos ouve, o mealheiro servia para a Concha enfiar as moedinhas na
ranhura e treinar assim a motricidade fina – e que bem que faz. Ahhhh e à conta
de tantos porquinhos já faz ronc roc ou oinc oinc (nunca sei como se diz!).
E agora entra-nos em casa mais um porquinho, este é mesmo
cool, da nova colecção do BES/Agatha Ruiz de la Prada .
E até eu já fui aqui para ver se aprendo um bocadinho mais. Por acaso sabem o que é um forward? E um carry trade? Ahahhh, bem me parecia!
E esta canção fica mesmo no ouvido, ou é só a mim? Adoro ouvi-la
na rádio.
Eu fui com a mãe ao BES / Pra guardar o meu dinheiro /
Deram-me o porquinho cool / O meu novo mealheiro / Poupar, poupar / No BES é
espetacular / Tostão a tostão / Vou juntar um dinheirão
E, já agora, nunca se questionaram porque é que os
mealheiros são quase sempre porcos?
Há várias versões. Uma delas é que esta invenção foi
atribuída ao engenheiro francês Sebastian la Pestre , no século XVII.
Pestre teria calculado que em dez anos uma porca pode
produzir seis milhões de filhotes e concluiu que este animal representaria bem
a ideia de economizar.
O dinheiro é de natureza profícua, procriadora.
Uma outra versão diz que no século XVIII, as pessoas
guardavam moedas em potes
feitos com uma argila chamada pygg. Certa vez, um ceramista
não muito familiarizado
com o assunto recebeu uma encomenda de algumas peças deste
material e imaginou que
o cliente queria objectos em forma de pig (porco, em inglês).
E para finalizar deixo-vos esta estória que achei o máximo. Dá
mesmo para contar aos filhotes e para nos fazer pensar também e até nos indica
algumas estratégias para lidar com a iliteracia financeira dos pequenotes.
O MENINO POUPADINHO
Uma história criada
por Maria Jesus Sousa
Era uma vez um menino
que gostava muito de dinheiro.
Quando fazia anos, não
pedia brinquedos, queria dinheiro.
Ao chegar o Natal,
escrevia a sua carta ao Pai Natal só com um pedido: dinheiro.
Os pais estavam
contentes, porque pensavam que ele era poupado e queria guardar bem o seu
dinheiro. Por isso ofereceram-lhe um porquinho-mealheiro.
Mas o menino, sem
ninguém saber, ia gastar o dinheiro na primeira coisa que se lembrasse… mesmo
que não lhe fizesse falta nenhuma! E o dinheiro assim voava…
Ele via na televisão a
publicidade e não pensava, só comprava coisas que não prestavam para nada! E o
porquinho-mealheiro ficava de barriga vazia!
Um dia, a sua
bicicleta estragou-se e ele começou a sonhar com uma bicicleta nova. Foi pedir
aos pais e eles disseram-lhe para ir ver quanto dinheiro tinha no
porquinho-mealheiro.
Aí é que “o porco
torceu o rabo”, ele ficou muito aflito, porque não havia dinheiro no
porquinho-mealheiro, nem sequer na sua carteira, porque ele tinha-o gasto todo
sem pensar!
Pensou o que haveria
de fazer e foi conversar com o pai; contou-lhe que o seu porquinho-mealheiro
estava vazio, porque ele tinha gasto o dinheiro em coisas que não faziam falta
nenhuma….
O pai ficou um
bocadinho triste, pois pensava que o filho era poupadinho, mas depois, junto
com a mãe, explicaram-lhe algumas coisas importantes, que ele deveria aprender:
1. O dinheiro não
nasce nas árvores, nem cai do céu: as pessoas têm que trabalhar para receberem
o salário (ou ordenado) no fim do mês.
2. Há coisas que
compramos por necessidade (alimentos, medicamentos…) e outras que compramos por
desejo (brinquedos, guloseimas…); as necessidades são sempre mais importantes
do que os desejos!
3. Quando vamos às
compras temos que olhar para os preços; são muito importantes pois dizem-nos
quanto dinheiro custa o que queremos comprar. E há coisas caras e baratas, por
isso temos que fazer contas.
4. O dinheiro não
estica, nem se desperdiça; quando se gasta já não se tem!
Há várias formas de
poupança e não só de dinheiro; podemos poupar as nossas coisas, para não termos
que comprar outras novas e em casa podemos poupar energia (água e
electricidade) se nos esforçarmos por não desperdiçar.
Ao ouvir tudo isto, o
menino aprendeu a lição e, a partir dessa altura, tornou-se num menino
poupadinho e tinha o seu porquinho-mealheiro sempre com a barriguinha bem
cheia, pois guardava bem o que lhe davam.
Os pais até abriram
uma conta no banco, para ele guardar as suas poupanças! (será que foi uma conta
poupança BES Júnior?))
Foi assim que o menino
aprendeu a lidar com o dinheiro e conseguiu juntar o suficiente para comprar a
sua bicicleta!
FIM
E vocês, também querem
ser poupadinhos? O que podem fazer para isso? Eis algumas ideias para brincar
às poupanças…
Fazer uma carteira
para guardar moedas com um pacote tetrapak.
Fazer um
porquinho-mealheiro para guardar as notas.
Fazer dinheiro de
brincar.
Os pais também podem
ajudar a ensinar as crianças a lidar com o dinheiro. Eis que se deve ensinar aos
mais pequeninos
- A partir dos 2/3
anos: Ensine o seu filho a distinguir as coisas que compramos porque queremos
(desejos), daquelas que compramos por necessidade. Muita da habilidade
financeira depende disso; Faça o seu filho compreender que é importante não
desperdiçar dinheiro. Apresente-lhe moedas e notas, mostrando as diferenças de
tamanho e de cor.
- A partir dos 4/5
anos: Peça ao seu filho para ajudar a fazer a lista do supermercado e ensine-o
que as compras devem respeitar a lista. Chame a sua atenção para os preços,
alerte-o que há coisas caras e baratas. É o primeiro passo que leva à
racionalidade na hora de usar o dinheiro. Se puder, dê-lhe uma semanada. Assim,
a criança aprende a tomar decisões desde cedo. Comece com 1 euro por semana…
1 comentário:
obrigada por este texto! mt importante! ca temos um mealheiro para as ferias onde todos colaboramos! daqui a nada comeco a dar uma pequena semanada a maior que, afinal ja entra na escola este ano. no dia a dia faz parte falar sobre o dinheiro, o valor, a poupanca e o trabalho. beijinhos
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