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terça-feira, 5 de março de 2013

Nada acontece sem esforço ou a importância de trabalhar as relações





Os filhos não são brinquedos, não se escolhem, não se trocam, não se aperfeiçoam, nem se devolvem. Muito menos funcionam com pilhas e nunca, nunca trazem livros de instruções. E é isto que torna esta tarefa de pai e mãe tão ingrata, difícil e imprevisível. Os filhos lá por serem nossos, não nos pertencem; somos nós que os alimentamos, educamos e sustentamos, mas por junto é só para isso que servimos. De resto eles são eles e desenvolvem-se, crescem, pensam e sentem apesar de nós. E quando já não são educáveis, sustentáveis e alimentáveis, deixam de ser nossos. Os filhos, ao contrário da dívida da casa, não duram uma vida. Duram apenas uns aninhos e não há qualquer garantia de que fiquem nossos. 
E, então, o que é que resta ao fim desses anos de sustento e dedicação? Resta uma ligação. No fim é esta ligação que conta: depois de milhões de litros de leite consumidos de dias e dias de explicações, de milhares de ordens e de noites sem dormir é só isso que resta. Uma simples ligação.  
Ora, como eles são todos diferentes, e alguns muito difíceis de conhecer, esta ligação tem vários níveis de consistência. Um pai ou uma mãe pode passar uma vida toda sem conhecer o seu filho, sem imaginar o que ele está a pensar ou prever o seu comportamento. E nestes casos é preciso um esforço racional para criar uma relação. Não é para gostar, é para interagir. Os filhos gostam sempre dos pais e os pais quase sempre dos filhos, mas nem todos se dão entre eles. Tal como o telemovel ou a internet, é preciso manter compromissos ao final do mês e ver se há rede. Ou ficamos sem ligação.



                                                                                                                                 
Inês Teotónio Pereira





Sempre, sempre, sempre actual.

2 comentários:

Tella disse...

WOW!

Cartuxa disse...

É verdade! Mas o grande desafio é esse, é manter essa ligação sempre em alta, seja com filhos, seja com sobrinhos... e é muito bom quando o conseguimos! Não é assim tão difícil mas requer persistência e o investimento na criação de pequenos rituais com cada um deles...

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