Porque depois do texto que escrevi no facebook recebi imensas mensagens, de força, de partilha de histórias dolorosas, de amizade, resolvi que estava na hora de voltar ao blog. A vontade renasceu e foi quando eu percebi que, de facto, tinha conseguido fazer das fraquezas forças e que o ano mais difícil de toda a minha vida estava a chegar ao fim.
Tenho de agradecer principalmente à B. A sua mensagem foi um sinal - eu sei que muitos não acreditam nestas coisas e respeito, mas eu acredito. Pequenos nadas, inner voices a que nos podem simplesmente passar ao lado, porque suspiradas, porque nos mostram coisas que não queremos ver, porque nos trazem avisos que preferimos ignorar. E foi assim que soube que tinha de voltar ao "activo", simplesmente porque me apetece e porque há quem espere, há muito tempo, para me ler.
Não tinha honestamente percebido que a minha história poderia ajudar tantas mulheres, que ao identificarem-se, só por isso, perceberam que não estavam sozinhas. Uma separação, um divórcio, a dor da perda não conhece idades, credos ou estratos sociais.
E nestes contactos consegui perceber, que a dor maior é quando há filhos. Que nesse caso a sensação de recomeçar é muito mais difícil. O medo de perder os filhos é indescritível...principalmente o medo de perder os filhos para outra mulher, para "outra mãe", que não o sendo, também passa a ser..
Continuo cá deste lado para todas que me quiserem contactar. não é fácil. É um luto que tem de ser feito e cada pessoa tem o seu tempo. Respeitar o tempo de cada um é mais do que necessário. É essencial.
Muitas vezes me têm dito "está sempre tão feliz!". Isto baseado no que vou postando no facebook.
Não, nem sempre estou feliz. Aliás, muitas vezes não estou feliz. Este foi o ano horribilis onde tudo correu mal. De 2015 para cá separei-me, divorciei-me, os meus filhos sofreram muito com isso; estive meses sem sair de casa, sem querer estar com ninguém. Deixei de ir ao ginásio, deixei de ter vida. Deixei de ter vida para além deles. Deixei até de ser a mãe que precisava que eles fossem. O meu avô faleceu, o único que me restava. O meu cão tem uma doença, aparentemente degenerativa e muito grave. Há uns dias soube que tenho de repetir sem falta uma mamografia daqui a 6 meses e tenho o colesterol a 295. Vi os meus filhos a terem uma nova vida, a viverem uma nova vida desde que, depois de muitas divergências, acordámos a guarda alternada. Sofri horrores quando conhecerem a namorada do pai. Os ciúmes que senti dela foram indiscritíveis. Não por ele, mas por eles. Foi das coisas mais difíceis de lidar. Lembro-me da primeira vez que o Vicente me chamou, por engano,o nome dela, em vez de mãe. Custou, não vou mentir.
Ainda choro. Choro muito. Quase todos os dias. Mas senti que a minha missão este ano era trazer alegria, bom humor, disparates...à vossa vida e à minha.
Se estou a conseguir, passo a passo, só tenho a agradecer por isso.
Um divórcio nunca é fácil. Os estilos parentais diferentes, discordâncias, medos, muitas dúvidas.
Optei por usar o humor como uma arma.
Um ano e um mês depois ainda não sei qual é o balanço. Ainda estou para descobrir.
Não, não estou sempre feliz e não foi levianamente que optei essencialmente por não contar aqui a minha vida. Talvez a devesse partilhar mais. Talvez ajudasse outros na mesma situação. Desculpem se tenho sido egoísta, mas o que eu mais precisei para fazer tantos lutos foi ajudar-me primeiro a mim.
Um beijo a todos que passam por lutos. Mortes, separações, perdas de emprego...Whatever.
Estou convosco, como sei que têm estado comigo.
Abraço apertado, directamente do
5 comentários:
Um abraço apertado.
Sofia...apesar de tudo o que se possa ter passado em relação a nós, ao ler todos os blogs de mães é sempre ctg que me sinto em casa, com quem me identifico...
Percebi que algo se passava mesmo, não sabia...nunca mais vim ao teu blog, mas seguia-te no instagram...
Hoje vim ao Blog finalmente e pumbas vejo esta noticia...é coisa de bruxas...não me leves a mal a expressão...algo me puxou para vir hoje aqui...qd tu escreveste isto dia 23...
Isto tudo para te enviar um grande bjinho no coração e é bem que voltes...poucas fazem a diferença...e tu és precisa :)
E és gira, inteligente e cheia de pinta tens tudo para ser mt, mas mt feliz :)
Bom fim de semana
Sara
Bem vinda de volta! Ao blog e à vida.
Muita força e um abraço apertado.
Sara, o teu comentário mostrou-me que és uma rapariga às direitas, como eu sempre soube que eras. Não enviaste mensagem privada. Deixaste escarrapachado no blog o que sentias. Isso é de valor.
Acreditas que tentei lembrar-me o que despoletou tudo e não consegui? Não porque não teve importância para mim, mas porque parece que aconteceu numa outra vida. E para mim aconteceu. Numa vida em que reinava a aparência e em que sermos conhecidas mais do que reconhecidas parecia ser o mais importante. Uma crise muda-nos à séria. Já não sou a mesma, mas ainda sou eu. Um ano de luta, um ano de luto e penso que estou pronta para recomeçar, despindo-me de tudo e despedindo-me de tudo o que não faz sentido.
Esta tua mensagem fez sentido, faz sentido. Fez sentir. E por isso fica no meu coração.
Sim, temos muito em comum. Espero que se mantenha.
Obrigada. Abraço apertado e muito sincero.
Sofia
Sofia sabes que eu sofro de um problema...impulsividade...nem me ocorreu enviar-te uma msg lololo senti necessidade em exprimir aqui e desta forma o que sinto...
O que despoletou tudo isto foi a "porra de um concurso de blogs"...
Eu acho e permite-me dizer (embora a psi sejas tu)é que agora depois de tudo o que aconteceu nomeadamente saíres de uma relação entre outras coisas que te possam ter ocorrido te devolveu novamente ao teu eu...que tinhas perdido algures dentro de ti...
Incrivelmente penso que ás vezes também perco a minha essência e qd isso acontece eu afasto-me do Mundo!
Quero muito é que entendas que n te mandei a msg tipo oh coitadinha, ou numa de pena...nada disso envio-ta sinceramente para que saibas que tens aqui uma AMIGA :)
Bjinho Grande na Alma e tudo a correr bem :)
Sara
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