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quarta-feira, 22 de março de 2017

Anda Luzia – Uma semana de risos e descobertas



Quando há um divórcio uma pessoa não devia passar a ser divorciada. Palavra pesada, feia, que traz consigo, ainda, um estigma e um peso difícil de carregar.
Quando há um divórcio uma pessoa devia passar a ser (novamente) solteira. Porque, de facto, é assim que está, que se quer sentir, já que não pode ser viúva de pessoa viva.

Bom…onde é que eu queria mesmo chegar? Ahhh, à semana do Dia dos Namorados. Será que se pode dizer assim? Semana do dia? Aproveitámos o mote e como não podíamos ir ali até Sevilha e voltar no dia 14 de fevereiro, fomos passar uns dias no sul de Espanha, com a desculpa de ser a altura ideal, para celebrarmos o amor que nos une – já disse que tinha um namorado, só resolvi não falar muito sobre ele. Mas falando então da altura escolhida, não podia ter corrido melhor: nem muito frio, nem muito calor, graças a São Pedro, e com o São Valentim a dar uma mãozinha.


Não tenho escrito no blog. Falta de tempo, de paciência, de vontade. Quando tenho uma oportunidade as palavras não fluem e quando dançam na minha cabeça, num fox trot apressado, não consigo passa-las para o papel, ou para o computador, nem sequer para um gravador, vejam bem.

Mas este post tinha de sair. Dedico-os a todos, mas a duas pessoas em particular.

À Ana, minha parceira da Pharmanord e à minha irmã Rita.

Ambas me disseram que seguiram as dicas da minha viagem a Ávila, Segóvia e Toledo e que adoraram. Caramba, como isso me deixou feliz! E já que segunda foi o Dia Internacional da Felicidade, altura excelente para pensar no que é que nos faz feliz, foi para mim o timming ideal para resolver pôr em prática aquilo que sinto. Realmente comunicar, passar mensagens, dar dicas que vão servir para alguém ser mais feliz, deixa-me feliz. Mesmo muito feliz.

Uma das partes mais importantes das minhas viagens, quase tanto como a viagem em si, é a preparação, o planeamento, a procura por sugestões que me ajudem a construir um roteiro ao meu gosto, com os fins que procuro.

Desta vez não houve tempo para isso. A viagem foi marcada muito em cima da hora e tive, por um lado, de abdicar dessa parte que adoro, mas por outro fui obrigada a aprender a viver sem muitos planos, o que é extremamente difícil para mim. Não sou a organização em pessoa, bem longe disso, mas sou um bocadinho control freak – dizem que é do signo. Isto de se ser virgem é uma grande chatice!


De qualquer forma aconselho sempre a planearem o roteiro. No meu caso ter-me-ia poupado algumas horas de viagem. Na altura e sob pressão, acabámos por não decidir bem o trajeto e andámos ali para a frente e para trás, o que era escusado.
Então vou-vos deixar o percurso que hoje teria feito, bastava ter começado a road trip por um lado em vez de ter começado pelo outro.


Em relação aos sítios, não deixaria nenhum de fora. Amei. Tivemos pouca sorte com o Torcal, porque estava nevoeiro cerradíssimo. Mas o que não vi imaginei e também foi uma lição gerir essa frustração – sim, porque fui eu que queria mesmo ver “pedras” e insisti ao máximo e depois naquele dia as condições climatéricas deitaram-me a língua de fora. Mas eu decidi ser feliz e aproveitar ao máximo, mesmo assim.


Queria ainda explicar o título. Foi uma brincadeira, como é fácil de perceber com Andaluzia e Anda Luzia, com um bom sotaque alentejano – eu posso, eu tenho direito a brincar, porque sou alentejana com imenso orgulho! 
Quando começava a panicar por causa das distâncias, da dificuldade de dar com algum sítio ou do anoitecer a chegar, para aliviar a tensão dizia “Anda Luzia, anda lá! Magana da Luzia que não há meio de ela chegar!”





Sítios que não podem perder:



Uns dias em Sevilha. Andar pelas ruas, tapear muiiiiiito e fazer compras. Não tenho culpa de ter apanhado ainda os saldos. Não deu para resistir.

Sevilha é linda, é plana, faz-se tão bem a pé e nas ruelas labirínticas descobrem-se coisas boas. A casa esquina.



Sítios para comer bem:

Bodega dos de Mayo

Papanatas

Coloneales

Casa Ruperto – os turistas não chegam lá sozinhos. As melhores codornizes que já comi. Comidas em pé, no meio de uma rua sem trânsito, lado a lado com pessoas de todas as idades, famílias tradicionais e os hipsters e os motards mais cools do pedaço.

Tapear sushi na rua – La Hermandad del Sushi

Saída noturna para ouvir rock – FunClub - a.m.e.i



Para ficar: O Hostel do nosso querido amigo Bruno, Sevilla Dream. Um espectáculo de pessoa. Depois de um MBA nos States, decidiu largar tudo e recomeçar a vida em Sevilha. Já lá está há 3 anos e pretende ficar. E é um anfitrião de primeira. 





Córdoba, passeio de um dia. Não vimos tudo, pois que não. Mas vimos o principal e deu para ficar com uma ideia da zona histórica e dos principais monumentos. Gostei imenso. Até tem um templo romano ao género do nosso de Évora.

Descobrir cores, os vasinhos típicos pendurados nas paredes e séculos de história para onde quer que se olhe é bom demais.

E nunca me irei esquecer que foi lá que comprei o meu skate. Já que ia oferecer um ao meu filho Vicente, achei que ainda estava em boa altura de aprender uma coisa nova. Tenho para mim que devíamos aprender uma coisa nova todos os dias. Como seria quase impossível, ao menos todas as semanas ou todos os meses. Devia estar na Bucket List de todos nós.



Pontos que vale a pena visitar: 

- A mesquita-catedral de Córdoba

- A Juderia ou Bairro Judeu

- Os pátios de Córdoba

- Puerta del Puente

- Ponte Romana

- Torre de la Malmuerta

- Mercado Victoria

- Templo Romano

- Casa de las Cabezas – Patios de Leyenda





Ronda (no interior de Málaga), a cidade a que chamam The dreamed city. Uma cidade mágica, que vive literalmente à beira do precipício (fica situada num pico rochoso a mais de 800 metros de altitude), sendo a melhor forma de a conhecer andando a pé pelas ruas cheias de reminiscências arábes, fenícias, romanas… As fotos falam por si. Imperdível.

“Procurei por todas as partes a cidade sonhada, e por fim encontrei-a em Ronda”

Poeta Rainer María Rilke



E ainda descobri uma tapa chamada semáforo, que é lombo fumado, com molho de salsa e no meio um ovo de codorniz. Acho que é a primeira vez que gosto de semáforos!

Se pensam manter a linha em Espanha, esqueçam! Mais vale perder peso antes de ir!



Setenil de las Bodegas, lugar especial, encantatório. Para mim, o fenómeno. Imperdível! Quando pensamos que já imaginámos tudo, aparece-nos Setenil, uma aldeia branca, cujas casas estão embutidas nas rochas.



Olvera – não conseguimos fazer toda a rota dos Pueblos Blancos ou Aldeias Brancas, mas ainda passámos por algumas, escolhendo parar em Setenil, Olvera, Antequera e Arcos de la Frontera. 

El Torcal de Antequera – o tal sítio das pedras 😊

El Torcal é das mais importantes reservas naturais da Andaluzia e tem um perfil único. Situada a poucos quilómetros de Antequera, na província de Málaga, esta reserva natural está cheia de formações rochosas fascinantes. Algumas delas são das mais antigas na Europa, o que oferece à paisagem uma atmosfera quase surreal e alienígena.



Antequera, a cidade branca e os Dolmens (Dolmen de Viera e Dolmen de Menga). Para grande espanto meu, este espaço, bastante bem preservado, é de entrada gratuita. 

À saída de Antequera podem visitar-se três dolmens de 5000 anos de idade: O Dolmen Menga (o maior da Europa) e o Dolmen Viera. O Dolmen El Romeral está a poucos km de distância (este já não vi). Estas três câmaras funerárias pré-históricas representam algumas das maiores e mais completas estruturas megalíticas da Europa.

Em 2016, os dólmens, juntamente com duas montanhas intimamente ligadas ao complexo dolmen, foram declarados Património Mundial da UNESCO. 



Arcos de la Frontera. Fiquei apaixonada. Completamente rendida. Não deixem de visitar a Taberna de San Pedro e a Taberna Jovenes Flamencos pelo tinto de verano e pelas fotografias lindas para mais tarde recordar. Sei que me falta conhecer imensos sítios, mas este é, sem dúvida, um dos vilarejos mais bonitos de Espanha. Arcos impressiona ao primeiro olhar. Está localizado no topo de uma montanha, numa posição privilegiada sobre a região que a envolve. Muitas das suas casas ficam na beira de um abismo. Mais um. É de ficar de queixo caído.



Utrera – Confesso que conheci pouco ou quase nada. Meti na cabeça que havia de tirar uma foto ao pé de um dos touros típicos, que só tinha visto por montes e vales. Ficava tão pertinho de Sevilha que não quis perder a oportunidade. Gostei das fotos e o nome da terra foi motivo de gozo a viagem toda, porque cada vez que a queríamos pronunciar saíamo-nos sempre uma Uretra! Valeu por mais uns belos momentos de puro riso.



Road trip para quem quer uma semana como a nossa:



Sevilha – Córdoba – Antequera e Torcal – Ronda – Setenil – Olvera – Arcos de la Frontera – Utrera – Sevilha.





O que ficou para depois:


Granada

Málaga

Gibraltar

Mijas

Cavernas de Nerja

Marbella

Caminito del rey (El Chorro)

Cádis

Puerto de Santa Maria

Jerez

Vejer de la Frontera

Medina Sidonia

Sanlúcar de Barrameda

Frigiliana





























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