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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Munukiá e a descoberta de um mundo encantado

 Quando estava a preparar o casamento (ou a preparar-me para o casamento) achei que havia muito pouco para preparar. Tinha muita vontade de ter uma cerimónia pequenina. O que era enorme era a vontade de dizer sim.

O percurso não foi fácil. Como todos sabemos, uma coisa é querermos estar sozinhos, outra coisa era termos de estar sozinhos. Chegámos a ponderar muito adiar, até que decidimos manter o plano inicial, ou melhor, aceitar que não havia plano, que íamos andar num arame sem rede. E o que tivesse de ser, seria. Celebrar em ano de pandemia era aceitar o imprevisto, mais ainda do que já é habitual.

E assim foi.

Uma semana e meia antes lembrei-me que não tinha bouquet. E poucas eram as coisas que não queria que faltassem: o bolo, a maquilhagem da noiva e o bouquet.

 

Os bouquets tradicionais não me diziam muito e comecei então a pesquisar. Vi bouquets que tinham tudo a ver comigo, mas não encontrei nada em Portugal. Comecei por procurar perto de casa e…nada. Nessa altura já tinha uma visão muito clara do que queria - as pesquisas têm destas coisas. Encontramos coisas lindas e depois não nos contentamos com menos.

 

Resolvi partilhar algumas dessas imagens no 4D e pedir a ajuda do meu público 😊. Confesso que não estava à espera de muitas respostas. Mas as respostas apareceram e não tenho palavras para agradecer. Sem  o saberem deram-me uma sugestão que, a meu ver e naquela altura, mudou a minha vida – sim, as mudanças fazem-se de coisas pequeninas e o que nos faz feliz não tem preço.

É precisamente pela ajuda que tenho de partilhar esta história convosco, já que fizeram parte dela e foi aqui que a história realmente começou. Até aqui foi só o prólogo. A seguir vem uma espécie de conto mágico ou bocadinhos de vidas que se entrelaçam, o que quase parece um poema.

 

De entre as várias sugestões que fui espreitando nesse dia, surgiu uma que me fez dizer logo ali: “ai, acho que é isto!!”.

Nunca tinha ouvido falar. Munukiá. Gostei do nome, mas mais ainda dos arranjos e dos bouquets que fui encontrando numa página linda, suave, cheia de carisma. Era precisamente aquilo. E perdi-me de amores por um arranjo que tinha as cores certas. Que conjugava na perfeição com as cores escolhidas para o “grande” dia.

Pode parecer tolo, mas pedi ao noivo para me oferecer o bouquet. Nunca ouvi essa superstição (se a tiver acabado de inventar, pois que seja), mas achava que não devia ser eu a comprar o meu próprio bouquet. Sei que há quem diga que deviam ser os padrinhos, mas escolhi dois homens e quando se escolhem dois homens para padrinhos, dá nisto – “É melhor deixá-los estar sossegadinhos”.

O meu excelentíssimo futuro marido disse que sim, que tratava de tudo. Vimos juntos o bouquet, ele gostou muito, tentámos perceber se as medidas apresentadas faziam sentido e achámos que tudo encaixava na perfeição.

 

Então, ele fez o pedido. Pagou e estava feito.

No dia a seguir ou dois dias depois lembro-me de lhe ter dito que devíamos dizer que era para um casamento. Ouvi um “Amor, não te preocupes” e achei que ele tinha enviado mail a explicar. Claro!

Entretanto, os correios estavam um caos e na quarta feira o bouquet não tinha chegado, quando o casamento seria no domingo.

Como um arrufo pré-nupcial fica sempre bem na moldura, fiquei um bocadinho zangada quando percebi que ele não tinha chegado a enviar e-mail a mencionar a importância, a necessidade vital, que o dito chegasse a tempo e perfeito.

Pronto, como mulher que sou, acabei a dizer: “deixa estar que a partir daqui tomo eu conta do assunto”.

Não termina quase sempre assim?

Enviei então um mail à Munukiá, apresentando o meu receio de que alguma coisa pudesse correr mal, já que no dia a seguir já era quinta-feira e pelo andar da carruagem a encomenda não ia chegar a tempo. Acho que adorei delegar e depois não me contive e tive medo que alguma coisa fugisse ao meu controlo – sim, sou assim com (quase) tudo. Dizem que é por ser Virgem!

Estava então em pânico, prevendo que o bouquet não chegasse, porque os correios e as transportadoras andavam a mil. Mas afinal chegou. Chegou com um dia de atraso, apenas isso.

Mas a parte mais bonita da história começa agora.

A Matilde, a mentora e executora da marca, foi um tesouro que eu descobri. A vida é mesmo engraçada e por vezes está do nosso lado. Nem sempre é madrasta, como nós estamos sempre a pensar. A Matilde reconheceu o meu nome no e-mail e disse que só naquele momento é que estava a dar-se conta de que aquele bouquet era para mim e para o meu casamento - lembrem-se que quem fez os contactos e o pagamento foi o Carlos.

A Matilde afinal seguia o 4D há já muito tempo. Que maravilha!

Segundo ela, devíamos ter-lhe dito que era para um casamento, porque há flores muito frágeis e que não aguentam um dia todo de um lado para o outro e que ela teria todo o gosto e disponibilidade para aconselhar. Mas acreditem, não foi preciso! O meu lindo bouquet resistiu a muito e agora está no nosso quarto, a enfeitar - um bouquet de flores secas é uma ideia top!

 

Mas a nossa narrativa ainda não termina aqui…

A Matilde, arquiteta de profissão e flower designer (a Munukiá é um projeto handmade, criado em abril de 2020, em plena pandemia) disse que se o bouquet não chegasse a tempo, metia-se no carro, fazia mais de uma centena de Km e vinha entregá-lo pessoalmente.

No dia a seguir o bouquet chegou e a Matilde foi a primeira a saber. Nessa altura perguntou-me se depois de todas as nossas conversas - foram cerca de 24h de conversa -  poderia estar presente no casamento de outra maneira, se poderia sugerir os minibouquets ou miniarranjos (penso que o nome certo, segundo aprendi com a Matilde é mesakiá), iguais ao bouquet da noiva. Serviriam para marcar os lugares na mesa e para oferecer aos convidados.

Eu achei a ideia maravilhosa. E não sei como é que a Matilde conseguiu… mas conseguiu!

 Sei que trabalha quase a tempo inteiro na sua marca e ainda tem de roubar muitas horas ao dia para continuar a trabalhar nos projetos de arquitetura. Bravo!

Na quinta feira à noite a Matilde fez os 15 bouquets. Na sexta levou-os à Rede Expresso e nessa mesma tarde estavam na Figueira da Foz. No sábado escrevemos a data e o nome de cada uma das nossas pessoas (as que podiam estar presentes, que eram muito poucas e as que não poderiam estar, mas que iriam receber depois) numa etiqueta de sementes de flores. No sábado à noite estavam a ser entregues no espaço onde celebrámos o casamento e no domingo estávamos a celebrar. Parece simples dito assim, não parece? 😊

 

E sim, no meio do caos nascem flores.

Esta é uma das histórias mais bonitas que tenho para contar sobre estes dias.

São momentos como estes que fazem parecer que dentro de qualquer vida comum há sempre um pouco de magia.

Obrigada Matilde – Munukiá

 

Tenho de elogiar a sua capacidade de trabalho, a sua criatividade, a sua simpatia, a sua disponibilidade.

 

Recomendo vivamente.

https://www.facebook.com/munukia

https://www.munukia.com/

https://www.instagram.com/munukia.design/
















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