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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Natal é amor. É ou não é? Todo o tipo de amor? Ou é para continuar a discriminar?

A minha querida amiga C.V. escreveu e eu  faço questão de mostrar. É urgente pensar nas coisas. É urgente abanar mentalidades. Adoro o Restelo mas não adoro a ideia dos velhos do Restelo.




Adopção por casais homossexuais.

Hoje nas minhas deambulações profissionais tropecei, uma vez mais, neste tema e não pude deixar de revisitar alguns estudos. Porque me interessa mas fundamentalmente porque ainda sou surpreendida pelo número de pessoas próximas (e de esquerda) que se diz contra a adopção de menores por parte de casais homossexuais, não posso deixar de tecer aqui algumas considerações sobre o tema. Embora em Portugal esta questão seja relativamente recente no que respeita à discussão pública bem como à própria pesquisa científica a verdade é que desde os anos 70 que esta temática é recorrente na investigação nos EUA e em vários países da Europa. E a realidade, incontornável, é que a grande maioria dos estudos tende a concluir que crianças criadas e educadas por pessoas homossexuais não evidenciam de forma alguma um desenvolvimento diferente dos filhos de pais heterossexuais (Fitzgerald faz a este respeito uma extensa revisão da literatura abordando o desenvolvimento do ponto de vista psicológico e social) 
Perante isto voltamos sempre à clássica argumentação assente no estigma e preconceito de que estas crianças serão vítimas a partir do momento que a adopção por casais homossexuais seja legalizada. Não obstante esta estigmatização ser validada do ponto de vista da pesquisa científica (Madalena Alarcão, “Desequilíbrios familiares”) a verdade é que politicamente, discriminar tendo em conta a discriminação, configura-se em si mesmo um pleonasmo segregador, estigmatizante e inaceitável em sociedades modernas e igualitárias. Se o preconceito existe é responsabilidade de cada um de nós enquanto cidadão, técnico da área ou responsável político assumi-lo, combate-lo e nunca alimentá-lo.
Por fim, o argumento último: o incontornável chamamento do superior interesse da criança e da sua legítima aspiração a poder usufruir de uma figura paterna e uma materna. Eu diria a este respeito que se trata de uma das maiores hipocrisias da sociedade actual. Desculpem-me os meus amigos que o invocam. A verdade é que a muitos dos que o defendem não me lembro de ver a mesma preocupação para com as mesmas crianças aquando da sua institucionalização. Porque é disso que se trata. De manter estes menores, (que os clássicos e legitimados casais candidatos à adopção não querem), em acolhimento institucional até que a maioridade obrigue a que sejam entregues a si próprias (com tudo o que isso acarreta na em grande parte dos casos) ou permitir-lhes novas formas de esperança. É uma escolha simples. Quem, como eu, já trabalhou ou lidou de perto com crianças institucionalizadas, sabe que muito mais do que dessa parentalidade heterossexual estas crianças precisam de afectos. Precisam somente de conhecer a sensação de ter alguém que lhes vá dar um beijo à cama e aconchegar-lhes a roupa. Estas crianças não precisam desta falsa preocupação que não consubstancia mais do que uma heteronormatividade social e moral da qual não nos conseguimos libertar. Estas crianças, em acolhimento prolongado, não precisam de um pai e uma mãe. Precisam de encontrar alguém que as tenha e sinta como filhas.

Carla Violante

8 comentários:

Mãe disse...

Provavelmente o primeiro passo passa por aqui. Falar o assunto. Alicerçar esta luta num amplo e transversal debate social de forma a desconstruir preconceitos e cimentar convicções.

Beijo grande

Carla Violante

alva quase transparente disse...

Sem duvida. Acima de qualquer questão ou preconceito deveria estar o interesse da criança. E entre ficar numa instituição, ou ter uma casa e uma família que cuidem e amem, nao me parece haver duvidas. O resto é pormenor.

alvaquasetransparente.blogspot.com

Polly disse...

Admito que com o passar do tempo a minha opinião foi-se moldando com novos contornos... muito ajudou ver o sorriso de minha filha, que não faz distinções entre pessoas.. o que as crianças precisam é mesmo de alguém que as ame como filhas.. todos os argumentos perante o amor perdem a força...

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo!! Sempre defendi isto mesmo, mas infelizmente à minha volta vejo ainda muito preconceito e pouca abertura...

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo!!! Nem consigo compreender como é que isto não é óbvio para todas as pessoas!

Renata disse...

Vamos resumir a isto, imaginem que tinham filhos( para os que não têm,claro) que vos acontecia algo e que não tinham ninguém capaz de tomar conta dos vossos filhos, imaginem, apenas imaginem...o que é que prefeririam? Que os vossos filhos fossem para uma instituição fossem mais um, ou fossem adoptados por um casal homossexual? Eu preferia a segunda opção...

4D disse...

clap clap clap

miudadonorte disse...

não é um tema fácil. mexe-nos com os sentimentos e dá-nos a volta às entranhas. mas não devia. se tirarmos a capa ao problema, passamos a ver claramente.
há crianças que nascem em relações homossexuais. há crianças que por força do divórcio e novas escolhas dos pais, passam a viver em relações homossexuais. elas estão aqui. na pratica existem e ninguém se apercebe!!! porquê? porque se as crianças estão bem e com tudo a que têm direito, passam despercebidas... tal como todas as outras que vivem em familias hetero. o amor é transversal e ponto. a nossa mentalidade é que tem que mudar. as leis mudam depois com a força que lhes dermos. eu costumava dizer ao publico por onde passei a falar de sexualidade, que o tema homossexualidade incluindo a questão do casamento e filhos, é uma realidade para a qual caminhamos, se bem que a passos pequenos. um dia destes será uma questão de hábito. há uns anos ficamos em pânico com a mudança da moeda ou com a pratica da reciclagem, claro que este tema não é tão banal como estes, mas se até para nós que vivemos a conhecer outras realidades foi possivel adaptar-nos, agora também o vamos conseguir. para as crianças que estão a crescer hoje, e serão os homens e mulheres, pais e mães de amanhã, será mais fácil e natural! recuso-me a acreditar que o amor não vence.

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