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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Querida mãe



Querida mãe, esta noite acordei a estranhar o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha acabado e que te tinhas esquecido de mim. Comecei então a chorar, assustado, e tu apareceste. Que bom. Fiquei tão feliz a embalar-me no calor do teu peito que acabei por adormecer antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que me ias colocar no berço, chorei outra vez. Vamos falar a sério, sei que estavas com pressa para ir dormir mais um bocadinho. Deste-me o teu peito, assim meio de repente, e a seguir trocaste-me a fralda. Estava tudo calmo, um silêncio bom e nós dois juntinhos, tão especial aquele momento que eu até perdi o sono. Eu acho que até foste compreensiva, mas começaste a bocejar um pouco e resolveste que eu tinha mesmo de dormir. E eu não queria dormir. Talvez precisasse de mais dez minutos ou meia hora contigo, mas tu estavas mesmo decidida a pôr-me na cama e ires deitar-te. Estavas cada vez mais nervosa e até chamaste o pai. Eu não queria o pai e aos poucos fomos ficando todos muito irritados. No fim, acordei a casa toda cinco vezes. De manhã cedo estávamos todos com cara de quem foi à discoteca. Acho que estraguei tudo. E acabaste por dizer ao pai que eu eu tinha um problema de sono. Eu não, juro! Tu é que vens dar-me de mamar cheia de pressa e eu sinto que não queres estar comigo. Os adultos têm hora certa para tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando o meu corpo está com o teu, quero ficar do teu lado para sempre. Do alto dos meus 3 meses ainda não entendi lá muito bem que tu és uma pessoa e eu sou outra. Um dia eu vou sair pelo mundo, vou telefonar e posso deixar-te doida de preocupação. Nessa altura vais entender como eu me sinto agora. Mas até lá vamos acabar por nos entender, inclusivamente através das palavras. Agora sinto a angústia da separação, porque acabei de passar por essa experiência. Tu também, eu sei, mas vives tudo isto como uma adulta consciente. Para mim tudo ainda é tão novo aqui fora. Mas eu tenho a certeza absoluta de que vou aprender tudo tudo o que me ensinares, principalmente através dos teus sentimentos em relação a mim. Mãe queres um conselho do teu filho bebé? Quando eu chorar à noite não venhas a correr desesperada, como se o mundo fosse acabar. Espera um bocadinho, respira fundo, ouve o meu choro até que ele atinja o teu coração. Demora o teu tempo e depois, por favor, acorda e vem. Abraça-me devagar, não acendas a luz, fala baixinho e dá-me a tua maminha para eu mamar. Depois de eu arrotar, peço-te mais um pouco de paciência. Não te esqueças que nós bebés somos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu sentir que estás com pressa, sou capaz de desatar aos gritos, mas se esperares um pouco mais, até o meu segundo suspiro vá, quando meus olhos estão mesmo fechados e o meu corpo muito molinho, aí sim podes colocar-me no berço que eu de certeza que não acordo antes de sentir fome outra vez. À medida que trabalhares a tua paciência, querida mãe, eu estarei a desenvolver a minha tranquilidade e nós não teremos mais noites desagradáveis. Apenas noites de mãe e filho, que um dia passam, como tudo na vida. E aí acho que vais ter saudades.


 Texto de Claudia Rodrigues autora do livro "Mamães mais que Perfeitas", adaptado por 4D

4 comentários:

Olhos na Cara disse...

Adaptado... sem links, sem autorização da autora.
Faz-se uma "adaptação" de um texto que não é nosso e chuta-se mais uma vez ao sempre desejado post viral, não é? Se resultou com a Rita Ferro Alvim, vai resultar com a 4D, não é? Vale tudo. Vergonha nenhuma.

4D disse...

Querida olhos na cara, eu não sei do que é que fala quando menciona a Rita Ferro Alvim.

Acho incrível o seu comentário. Quantos apresentam textos do Miguel Esteves Cardoso, por exemplo? Ou do Eduardo Sá?

No fim do texto está bem visível quem é a autora. e não deixei link porque não encontrei. deixar link para onde??

Tentei procurar antes a página da autora, para sua informação, e não encontrei. quem sabe se ela não gostasse da adaptação não seria ela a postar e tornar-se-ia dessa forma viral?

E se já escreveu alguma tese ou algum artigo científico, sabe que a tradução para português é sempre uma adaptação do autor, devidamente sinalizada. Foi o caso.


Tanto ressabiamento, Meu Deus. Não entendo.

CS disse...

Eu adorei. Até pensei divulgar no meu blog e fiquei logo com receio de ferir sentimentos de outros.
Meu Deus, a informação existe para ser divulgada, promovida. A referência está bem explicita. Tenho a certeza que a autora ficaria feliz com a divulgação.
Li o texto original e prefiro a adaptação pela linguagem me dizer mais.
Adorei, adorei, adorei...

4D disse...

Obrigada CS!
E partilhe sim. O que é bom é para partilhar. Sem medos.

beijinhos

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