Esta estória dava um filme. Um post é pouco para contar todas as aventuras que vivemos, todas as peripécias e loucuras.
A ideia do The Color Run surgiu como presente de anos para o Manel. Como bater os ACDC do ano passado? Tinha de ser louco, diferente e ficar na memória. Não que os presentes se comparem, mas queria que fosse épico - ligeiramente menos épico do que o concerto em Oeiras, convenhamos, mas cheio de pinta, de muitas pintas, aliás. De muita cor e ritmo, sem dúvida.
O Manel estava com os avós a passar as férias da Páscoa e eu enviei-lhe um email com a inscrição dele, achando que ia dar pulos de alegria. Pronto, não foi bem assim que aconteceu. Respondeu-me "Não te quero deixar triste, nem coisa parecida, mas eu não sou muito dessas coisas" e disse à tia Inês que não queria ir, que não queria ir, que não queria ir. E eu a ver a minha vidinha a andar para trás.
Quando acabaram as férias pedi ao meu salvador, que tem um jeito enorme para qualquer um deles, para lhe dar uma palavrinha e ele aí começou a mostrar-se mais animado.
Os pequenos estavam em delírio. Só diziam "vamos para a festa, vai haver festa....mas que festa??". O que lhes interessava mesmo é que fosse uma festa e que tivesse cores. Não acharam muita piada à parte de terem de correr, mas expliquei-lhes que podíamos perfeitamente fazer os 5 KM a andar, nem que chegássemos às 5 da tarde.
O mais velho - sim, é o que dá serem 4 e com idades tão diferentes - disse logo que ia, que ia ser muito giro, mas pediu - implorou - que fosse com os amigos e as amigas. Embora o sonho de sermos uma família Van Trapp se fosse desfazendo a pouco e pouco, achei que fazia sentido ele ir com o grupo de pares, o que significa que andou livre e solto e só lhe fez bem. E foi tão cumpridor que resolveu ir a pé e sair de casa por volta das 8 ou 8.30, quando o evento começava às 10.30, só para ser dos primeiros a chegar ao recinto. Pergunto-me eu porque é que ele não é assim todos os dias??
Nessa manhã tudo mudou. O protagonista, de seu nome Manel Maria, estava frenético, em picos, porque nunca mais chegávamos e para não perdermos tempo com fotografias, e que queria ir a correr o trajecto todo para ganhar a medalha - como eu não sou nada competitiva e nem sei incutir isso nos meus filhos ainda lhe disse várias vezes "nem que chegues ao mesmo tempo que os carros que vão fazer a limpeza final, acredita que não sais daqui sem uma medalha. Não stresses!". E ele lá dançou e atirou pó e divertiu-se à brava.
A Concha também, excepto que o mano Vicente resolveu despejar-lhe a cor encarnada por ela abaixo e parecia que tinha saído de um filme de vampiros. Mas sempre gira. Seja como for, e modéstia à parte, até com a boca a cuspir tinta vermelha por todo o lado, sulcos de tinta vermelha das lágrimas que foi deitando - ou acham que esse episódio não mereceu umas valentes lágrimas? - ela nunca deixou de estar super gira e engraçada. Nem todos têm a mesma sorte, como a mãe dela, por exemplo. Ahahahahah.
E claro que foi às cavalitas do Carlos 4 dos 5 Km. Claro!!
Mas depois do piripaque inicial esteve sempre bem disposta e eu só lhe dizia quando via que vinham aí mais cores: "fecha a bocaaaaaaaaaa". Nunca esteve tão caladinha, benza a Deus.
A personagem mais surreal do enredo foi Mr Vicenzo. Não gosto, não quero, odeio, tenho tinta na boca, quero ir para casa, quero ir fazer xixi, comer comer, mas não dão comida?? Ufaaaaaaaa
Era o Carlos a carregar com a Concha, o Manel na dele em que só dizia que nos ia deixar a todos para trás porque não podia perder a medalha e eu a levar com o mau humor do Vicente. Quando chegámos ao outro lado da ponte já começou a melhorar, devido aos mimos e às palhaçadas aqui da mãe de serviço. Quando chegou à cor azul estava simplesmente cansado.
Mas eis que chegou a parte da espuma, novidade deste ano, e nunca vi uma mudança tão radical. E eu tive uma epifania: para o ano que vem, quando ele fizer 8, ofereço-lhe uma festa da espuma. Acham um pouco demais?? Fora de brincadeiras, ele riu. mergulhou, dançou e só quis sair dali quando começou a ficar com frio, muito frio, quase, quase roxo. Tive de lhe tirar a tshirt e trocar com a minha - felizmente levava um vestido por baixo.
Eu já comentei com a organização, ou precisamos para o ano de um tubo de aquecimento, daqueles com vapores quentes mesmo ao lado da espuma, ou levar uma muda inteirinha dentro da mochila. Não deixem de lado a espuma, mas arranjem uma boa alternativa para os aquecer.
Portanto, depois de passarmos por muitos altos e baixos, de eu só querer fazer corta mato e batota para chegar mais rápido e do Manel não me deixar de maneira nenhuma, que isso não era ser bom jogador - estou feita - porque é que os meus filhos são tão responsáveis?? Mas tudo bem quando acaba bem. Lá chegámos à meta, ganhámos as medalhas e estávamos todos super felizes.
O Afonso viveu a experiência de uma forma diferente, de quem tem 16 anos e está rodeado de malta jovem. Nós vivemos em família, com todas as imprevisibilidades que podem aparecer. Mas garanto-vos que correu tão bem e eu estava tão orgulhosa de ter conseguido tirar imensas fotos sem estragar o iphone e ainda por cima com a malta toda bem disposta, que senti que tinha vencido uma batalha! Aqui para nós que ninguém nos ouve, embora estivesse todo o mundo exausto, eu fui a única a precisar realmente de dormir a sesta. A idade não perdoa!
Vi imensas famílias, imensos miúdos pequenos, de 2, 5, 8, 10, 14... Ou seja, se o objectivo é que abarcasse todos os públicos e que fosse, sobretudo, uma festa da família, acho mesmo que isso foi conseguido.
Parabéns The Color Run 2017. Até para o ano!