Confesso aqui, perante tanta gente (pode ser que sejam
apenas uns dez, vá), que sou um autêntico caos na preparação do regresso às
aulas. Não só não ponho os meus filhos de quarentena, umas 48 horas antes, com
música zen, nada de televisão, nada de horários tardios e coisas que permitam
um tremendo excitex, como a maior a maior parte das vezes saltamos do ritmo
frenético das férias (onde é que já se viu ir de férias para descansar? Não
conheço de todo esse conceito), para o ritmo monocromático, certinho e sem
falhas (deves!), de um voltar às rotinas, sem os preparar para a transição.
Sim, podem chicotear-me à vontade. Quem diz a verdade não merece castigo.
Deixo-os sorver até à última gota o sabor a mar e a areia que ainda trazem nos
pés, nas mochilas e no coração, podendo encontrar-se ainda alguma nos cadernos
pautados, que se pautaram pelos dias azuis de praia, sol, banhos de mar e que
devem ter, eles sim, aproveitado para fazer gazeta, ou hibernar, num movimento
contrário ao de muitos animais.
Para piorar ainda mais as coisas, como se fosse preciso,
sempre trabalhei até ir de férias, ficando o tempo restante guardado para fazer
mil coisas mais. Mentira, ficando guardado para me imaginar já com os pés
dentro de água, com a ponta do nariz pelada, os mergulhos com eles de mãos
dadas – sim, não sabem que antever a coisa pode ser tão bom como a coisa em si?
É um facto que desde o divórcio, os pais dos meus filhos
tentaram organizar-se melhor entre si, porque é tão mais fácil resvalar para
uma desorganização justificada, quando há uma guarda partilhada.
Estava eu neste chove não molha, exactamente como o tempo,
sem me decidir se este ano é que era, quando recebi um e-mail da Staples. Sinal
dos deuses ou da divina providência. O mail era claro e o pressing nada subtil.
A compra de livros escolares é feita na Staples e ponto. É encomendar já, até
19 de Agosto (atenção Sofia, não procrastinar!), sem preocupações ou ralações e
ainda com 6% de desconto imediato e portes grátis. Tudo sem sair de casa
(online, meus senhores, online. Esta devia ser a palavra do século XXI).
Podendo eu não estar convencida, mas estava, que a mim
convencem-me rápido, continuava dizendo que há um serviço, Colibri, que forra
imediatamente os livros quando chegam, se for activado. E se não for, demora no
dia apenas 20 minutos no total. Eu já experimentei na Staples, no Verão
passado, e é mesmo bom, embora no meu caso tenha sido mais ou menos 20 dias
depois de as aulas terem começado cof, cof, cof.
Parece que este serviço foi agora melhorado ou reformulado,
como queiram, e está melhor do que nunca. Rapidíssima aplicação, permite
reutilização porque não estraga os livros, pode ser aplicável em qualquer
tamanho, não deixa bolhas (oh sim Meu Deus, SIM) e ainda pode ter elementos
decorativos, para quem queira (vou esconder esta parte da Concha e do Vicente).
Ele seriam só bolas e ela unicórnios e fadas. Eu que já tive uma queda pelos
unicórnios, a humanidade voltou a ressuscitá-los quando eu já não os podia ver,
de tão enjoada que estava. Sim, era bem capaz de abater qualquer bicho alado
que me aparecesse pela frente e com um grande corno na testa. É que não há
pachorra, para tanto brilho, tanto glitter, tanta fantasia, tanto enjoo.
Percebem porque é que as modas são recicladas? Para não nos podermos fartar
delas desta forma. Quando nos esquecemos que já não podíamos com o denim, com
as calças skinny ou super extra size, aparecem novamente, uns cinco anos
depois. Talvez sete seja a conta certa. Entramos todos numa espécie de amnésia
selectiva e passamos novamente a adorar o que já tínhamos adorado e passado a
odiar. Nietzshe explica isto como ninguém. Então por amor de Nietzshe, está na
hora de mandar os unicórnios para a unicorlândia, que fica para lá de Júpiter e
de todas as luas e do sol posto.
Então depois deste e-mail, que foi um chamamento dos deuses,
uma espécie de contrição feita ali na igreja do bairro – Não deixarás para
depois o que podes fazer já! Se formos espertos percebemos que isto até tem
razão de ser. Faz sentido, não é?
Obrigada senhores da Staples por me tornarem uma pessoa
melhor, uma anti procrastinadora, uma mãe cheia de garra, de competências e
resiliências (e também cool, com ar novo e giro e…)
Agora vou só ali fazer uma sesta e depois trato de tudo,
ok?? Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz